quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Quase um ponto final - Parte 1

AVISO: Este post relata especificamente como foi a vivência de fazer um procedimento cirúrgico para um aborto retido desde as 7 semanas, hoje estaria com 9 semanas e 5 dias.é um relato muito forte. Recomendo a NÃO leitura.

Porque estou escrevendo isso? Para ver se consigo aliviar meu coração.

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Acordei. Ou talvez nem pode se dizer que dormi. Fui dormir a meia noite e as 2h da manhã minha mente ligada nos 220w. Não voltei a dormir.

Precisaria iniciar o jejum as 6:30, resolvi parar de comer e beber água as 6h, só para garantir que todos medicamentos que tomassem fizessem efeito o mais rápido possível.

As 7h, eu teria que estar começando a tomar medicações. Seria uma enfermeira introduzindo comprimidos por via vaginal.

O céu estava muito nublado. Parecia que estava tentando ser solidário a mim. Tentando mostrar que também estava muito triste... Cheguei ao hospital as 6:30. Só consegui me internar as 7:40. Sim, tinha começado muito mal. Sentada na cadeira da recepção, vendo mulheres grávidas chegarem depois de mim e sendo atendidas antes... O choro estava super fácil, mas eu tentava me controlar respirando fundo, não queria fazer cena. Tudo demoraria mais tempo para acabar.

Consegui ser internada. Primeiro só me levaram ao quarto. Depois apareceu outra pessoa, dizendo que eu tinha que trocar de roupa e tirar tudo, até meus óculos.

Gente, arregalei os olhos na mesma hora. Porque tirar os óculos agora, se o procedimento cirurgia seria só a tarde? A mulher percebeu a confusão na minha cara e explicou que era só para tirar antes da cirurgia mesmo, por enquanto podia ficar com eles. Depois perguntou se eu tinha alguma dúvida. E eu disse: sim, pode me explicar tudo que vai acontecer? Não me explicaram direito nada.
Ela perguntou se eu já tinha usado os comprimidos antes...

"Não, foi a minha primeira gravidez e meu primeiro aborto." agora eu vejo que não deveria ter dito assim, porque falar "primeiro aborto"? Não haverão mais, se Deus quiser.

Depois eu perguntei sobre a sedação/anestesia, sei lá como chamam aquilo que usam para nos fazer dormir.

Ela disse que essa parte só é feito lá dentro do centro cirúrgico.

Na mesma hora, eu disse talvez até sendo agressiva demais: "Não saio deste quarto sem estar dormindo de jeito nenhum".

Ela responde: Não podemos fazer isso, não tem nada prescrito. Só falando com o médico.
"Então liguem para ele, porque eu não saio deste quarto sem estar dormindo nem amarrada."
 Ela percebeu que não tinham me entregue nenhuma bata para que eu trocasse de roupa... e saiu do quarto.

Marido queria que eu deitasse logo na cama, mas eu disse que ficaria sentada na cadeira, por enquanto. Afinal ainda teria que trocar de roupa e tal. Sentei na cadeira e desabei. Chorei Chorei Chorei. Porque parece que ninguém entende como isto é difícil para mim? Também tinha o fato de já estar sentindo cólicas e nem sequer ter começado nada ainda.

Eram 8:30 quando finalmente me trouxeram uma bata para que pudesse trocar de roupa. Troquei de roupa, logo uma enfermeira aparece, percebo que ela ficou meio perturbada ao ver meu rosto coberto de lágrimas.

Ela mediu a minha pressão. Geralmente costuma ser 12/8 e lá estava 10/6. Saiu do quarto.

Marido foi ao posto de enfermagem, tentar saber porque estavam demorando tanto para iniciar a medicação. Dizendo ele, que o motivo era pura burocracia. No receituário o médico deveria ter escrito: "sicrana deverá tomar medicamento tal as 7h" e ele tinha escrito: " as 7h, ministrar medicamento tal" ¬¬ Conseguem acreditar nisso???

As 9:00, apareceram mais duas mulheres. Desta vez com a bandejinha com os comprimidos. Bem, agora definitivamente não teria mais volta.

Foi doloroso, não sabia que este comprimidos teriam que ser inseridos tão fundo, eram via vaginal...Não sabia nem que eu tinha essa profundidade toda. A sensação depois de inserido era de "calor", tudo estava queimando por dentro.

a mulher diz: " daqui a pouco você começará a sangrar e terá cólicas. Se for muito sangramento ou muitas cólicas, avise."

Digo: Já estou sentindo cólicas agora, quero um remédio.

"Inserimos o remédio agora, ainda irá aparecer as cólicas mais fortes.

"Exatamente. Eu já estou sentindo dor agora, quero remédios."

"Não podemos dá nada, pois o médico não prescreveu nada para dor."

"Mas eu estou sentindo dor, quero tomar alguma coisa...entrem em contato com o médico. Preciso tomar alguma coisa para dor."

Elas vão embora.

Marido tenta ligar para o médico. Chama, chama e nada. Depois médico manda zap: em que quarto estão? Estou descendo"

Deduzimos que talvez então ele já estivesse no hospital, talvez em alguma cirurgia?

Falta luz. Não tem ar condicionado. Não tem tv. Não tem wifi. Passa-se meia hora. Nem médico e nem remédio. A cólica aparentemente está aumentando. O meu choro fica engasgado. Peço para marido ir la no posto de enfermagem aperrear novamente por algum remédio. A energia volta.

Dez minutos depois, o médico aparece. De imediato digo que estou sentindo dor. Que já estava sentindo antes mesmo de colocar os comprimidos. Ele diz que vai dar alguma coisa para dor. Eu falo também sobre sair do quarto dormindo, não quero ver nada, não quero nem ver o trajeto para o centro cirúrgico. Aparentemente ele entende essa minha preocupação e diz que não pode me dar anestesia no quarto, que o anestesista precisava falar comigo agora, mas que daria algum comprimido que me deixaria muito groge, mas não estaria dormindo totalmente...

Um comentário:

  1. Sempre que abortei nao passei por esta parte do comprimido...eu ia pra curetagem direto mesmo.
    Bjo

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