segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Consulta pós negativo 2ª FIV

Já fui para a consulta de retorno com o médico. Dessa vez, sem nenhuma expectativa. Sem ansiedade nenhuma, já imaginava as alternativas que teríamos.

Voltei a pensar sobre o PGD, biopsia dos embriões para análise genética deles. E, novamente, assim como na 1ª FIV não estava a vontade com isso.

Outra possibilidade que pensei seria fazer o exame Era, é um exame em que fazemos todo o preparo do endométrio simulando o preparo de uma tec, mas invés de transferir os embriões, se faz uma biopsia do endométrio e se analisa se naquele dia, o endométrio estava receptivo ou não. Dizem que o endométrio possui uma "janela de implantação", um período em que ele está apto a implantação de embriões. Fora desse período, os embriões não conseguem implantar.

Chegando na consulta...

O médico surpreendeu. Novamente, assim como ele tinha feito na 1ª consulta em que falamos sobre a indicação do PGD que o outro médico tinha feito, ele disse que não indicava fazer PGD... Fiquei mais aliviada com isso. Afinal, parece que o médico também tem a mesma opinião que, talvez no nosso caso, jovens e sem alterações genéticas nos cariótipos, o exame fosse mais prejudicial do que benéfico. Ele falou de um caso de um casal em que tinham feito o PGD de quatro embriões, dois passaram no teste e dois não passaram. Fizeram a transferência dos aprovados e tiveram negativos. Depois, a mulher insistiu para transferir os outros dois, que não haviam sido aprovados. Assinou um termo dizendo que estava ciente e etc e transferiu. Ela engravidou... e os filhos nasceram sadios.

Realmente o médico indicou fazer o exame Era. Mas, achei que ele não deu tantas esperanças assim com o exame. Senti como se o exame fosse algo mais burocrático, tipo "na falta de outras possibilidades, vamos testar isso".  Se o exame der não receptivo, teremos que repetir até ele dar receptivo. E, se ele der receptivo logo no primeiro exame, continuamos sem respostas para os negativos. É aquele negocio, não temos garantia de nada.

Ele disse que apesar de não ser o nosso caso, já que o exame de fragmentação de DNA espermático estava ok, ele está pensando em fazer a próxima fiv/icsi com um outro tipo de seleção dos espermatozóides chamada PICSI. Ele acha que pode ter algo na qualidade dos espermatozoides afetando os embriões... Como tenho menos de 30 anos, então ele não acha que seja do óvulo, seria mais provável ser dos espermatozóides.

Pedi ao médico para fazer o exame antimulleriano. Ele perguntou porque eu queria fazer esse exame se ele não mudaria nada na situação. Aí eu respondi que achei que tive poucos embriões nas duas fivs que fiz e queria saber qual era a situação da reserva ovariana, se tinha tempo para enrolar ou se tinha que fazer os tratamentos desesperadamente. Então ele concordou que eu era má respondedora e solicitou o exame.

Pedi também para ele passar vitaminas para mim e para meu marido. Deixei claro que sabia que não tinha nenhuma comprovação científica da eficácia delas, mas que queria tentar. Algo para melhorar a qualidade e quantidade dos óvulos e a qualidade dos espermatozóides. Ele disse que demoraria uns três meses para fazer efeito. Eu disse que era perfeito então, já que não pretendia mais fazer nenhum tratamento este ano, só no próximo talvez. Ele fez algumas prescrições de vitaminas.

P.S momentos chatos da consulta

O médico falou que iria pedir um exame genético nosso, chamado cariótipo. Aí eu lembrei a ele que nós já havíamos feito esse exame com o médico anterior, inclusive trouxemos os resultados para mostrar na nossa primeira consulta e os cariótipos estavam normais.

Em certo momento da consulta o médico, falando da minha gravidez natural do ano passado, disse que eu tinha tido uma gravidez química. Fiquei meio irritada ao escutar isso (afinal, era como se ele tivesse falando que meu filho não passasse de um elevação hormonal), sem querer falei alterando um pouco a voz que eu não tinha tido uma gravidez química, pois tive um embrião batendo coração. Aí o médico se corrigiu e disse que eu tinha tido um aborto precoce.


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Obs. Post liberado em atraso, referente ao início de Outubro/2016

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domingo, 30 de outubro de 2016

E as boas notícias?

Hoje, mais uma vez, entrei em discussão com uma pessoa em um grupo de zap. Ela havia postado uma notícia sobre uma criança recém nascida achada morta em um saco plástico nas margens de um rio e, não bastasse a noticia, ela ainda postou foto do cadáver do bebê no saco e tudo.

Desnecessário.

Simplesmente desnecessário.

Era um grupo sobre fertilização in vitro, com abrangência nacional.

Gostaria de entender qual a necessidade de se espalhar notícias assim... Vai mudar o ocorrido? Infelizmente, não. Então para quê espalhar notícias assim? Ainda mais com imagens e tudo? Justamente num grupo onde tem centenas de mulheres travando uma cansativa batalha para realizar o sonho de ser mãe, aí vem uma pessoa e posta uma notícia dessas com foto e tudo, para chocar ainda mais. Desnecessário. É espalhar tristeza.

Para que?

Alguém me explica que eu quero entender...

Aí veio a outra defender "olha eu acho que mostrar ou não mostrar uma foto não vai mudar nada no mundo, então deixa de drama por causa de uma foto."

Parem o mundo que eu quero descer!!!

Realmente, não vai mudar o mundo. Vai mudar o meu dia e o de várias mulheres, para pior.

Vamos evitar compartilhar essas notícias tristes. Compartilhem só no caso de ter algo que possa ser feito para mudar o mundo para melhor... Nos demais casos, sem necessidade.

Vamos espalhar boas notícias!!!




P.S 

Tem uma matéria super interessante falando sobre a influência de notícias negativas no nosso psicológico, vejam em: 
http://vyaestelar.uol.com.br/post/8775/ver-mas-noticias-na-tv-nao-fazem-bem



sábado, 29 de outubro de 2016

O clube secreto e silencioso das grávidas que perdem seus bebês

Existe uma regra social: Precisamos superar a perda rápido. E não podemos sofrer.

Desabafo da jornalista Clarissa Cavalcanti, 32, dois abortos recentes, ao “Ser mãe”.

Sem receber convite eu entrei para um clube secreto de mulheres. Um clube que eu até já tinha ouvido falar, algumas pessoas da família e amigas participavam, mas que eu nunca soube muito a respeito. Depois que eu fui forçada a entrar, descobri que milhares de mulheres fazem parte, mas tudo é mantido meio às escuras. Eu entrei para este clube pela primeira vez em março de 2015. Foi quando tive meu primeiro aborto retido – aborto involuntário que acontece quando uma mulher não consegue manter a gestação. Não estou falando do aborto provocado, que é uma outra questão e eu particularmente acho que é caso de saúde pública e precisa ser discutida. Depois de nove semanas de gestação e curtindo muito a ideia de ser mãe descobri no ultrassom que meu bebê não tinha batimentos cardíacos. Tive que esperar uma semana para repetir o exame e ter certeza. Certeza de que meu tão sonhado filho tinha morrido muito antes de nascer. Foi a primeira tortura. Optei por esperar para ver se meu corpo agia naturalmente mas, como nada aconteceu, tive de fazer uma curetagem.

Nesse período de tristeza muita gente veio comentar comigo que tinha passado por algo parecido, que era comum. Gente que eu nunca imaginei que tinha enfrentado algo semelhante porque nunca demonstrou sinais do sofrimento que um aborto causa. E aí eu me perguntava: Se toda essa gente passou ou conhece alguém que passou por isso, por que ninguém fala sobre o assunto? Por que o aborto é tabu mesmo quando ele não é uma escolha da mulher? Todos falavam comigo como se estivessem compartilhando o maior dos segredos, como se fosse um crime ter perdido um bebê. Quem passou por isso sabe que os sentimentos de culpa, raiva, revolta e tristeza se misturam e demoram a passar. Descobri, graças às frases que ouvi, que existe uma regra social: a de que devemos superar rápido. Escutei coisas como: “Era só um feto!”, “A gravidez estava no começo, não precisa sofrer tanto!” Percebi também que há pessoas que comparam dores: “Pior foi o que aconteceu com a fulana! Seu caso não é nada!”, concluem, usando a própria régua para medir o sofrimento alheio.

Muitos profissionais não estão preparados para lidar com a mulher que acabou de perder seu bebê e até a acusam veladamente de ter feito um aborto proposital. Uma colega que também faz parte desse “clube secreto” me contou que que foi para o hospital quando sofreu o aborto em casa. Foi super mal tratada. Insinuaram que ela tinha provocado o aborto, fizeram perguntas duras e ela teve, mesmo que veladamente, provar que não, não tinha culpa pelo desfecho ruim da própria gestação. Imagine como se sente uma mulher que está perdendo o bebê que tanto sonhava, que precisa de atendimento e acolhimento e, em vez disso, tem de provar que não, a culpa não é dela. Uma conhecida me relatou que soube que tinha perdido o bebê em um ultrassom, perto dos cinco meses. O médico comunicou com uma frase seca: “esse bebê morreu”.

Comigo o tratamento não foi muito mais amistoso. A primeira enfermeira que me atendeu antes da curetagem deveria colocar um remédio via vaginal para amolecer meu útero e facilitar o procedimento. Ela o fez com tanta força, sem o menor cuidado e com tanta grosseria que dei um grito de dor. Fragilizada e culpada achei que era assim mesmo, frescura minha. Uma segunda enfermeira me mostrou que não, não era para ter sido feito daquele jeito. Ela me disse, indignada, que o procedimento deveria ter sido precedido por um gel, para não haver (mais) dor. Hoje penso que a primeira enfermeira acreditava que eu tinha provocado aquele aborto e que, por isso, merecia sofrer. O hospital também me internou no mesmo andar do berçário. Eu tinha acabado de perder um filho e via as plaquinhas com os nomes dos bebês na porta, que logo chegavam para serem amamentados, além de ver famílias felizes visitando os novos pais. Não seria isso uma violência psicológica? Como ninguém fala sobre isso, como é “normal” perder um bebê e há um silêncio sepulcral sobre o assunto, fica tudo por isso mesmo. Nossa dor não é ouvida. Sequer considerada.

Em novembro de 2015 descobri que estava grávida novamente. A felicidade voltou. Na primeira ultrassonografia ouvi o batimento cardíaco do meu bebê super forte, a barriga estava crescendo e eu não conseguia nem disfarçar a nova gestação. Estava confiante.

Um sangramento mudou tudo e perdi meu bebê novamente há alguns dias. De uma forma até mais abrupta ganhei uma segunda “carteirinha” e fui arrastada para o clube secreto novamente. No andar da maternidade tinha poucos bebês dessa vez, mas nunca vou esquecer a cena do pequeno Caíque sendo levado ao quarto para mamar enquanto eu passava de maca para a curetagem. Aquilo doeu. No pré-operatório a enfermeira me contou que, na média, são nove curetagens por dia. Fiz a conta e percebi que, só nesse hospital, são 270 mulheres passando por isso todo mês. Imagine quantas mulheres no Brasil todo. E mesmo assim continuamos sem falar sobre esse assunto.

Existe um outro clube secreto: o dos pais. E esse então é mais secreto ainda. O pai não tem vez nessa hora. Ninguém liga para o que ele sente. É quase impossível tirar algo positivo disso tudo. Talvez o fato de descobrir que somos mais fortes do que imaginamos. E que tenho amigos e chefes sensacionais.

Retirado de: http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/ser-mae/o-clube-secreto-e-silencioso-das-maes-que-perdem-seus-bebes/

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

A Etiqueta da Infertilidade

A infertilidade é, realmente, uma luta muito dolorida. A dor é parecida com o luto por perder um ente querido, mas é única porque é um luto recorrente. Quando um ente querido morre, ele não vai voltar. Não há esperança de que ele irá voltar dos mortos. Você deve passar por todos os estágios do luto, aceitar que nunca mais verá essa pessoa novamente, e seguir em frente com sua vida.

O luto da infertilidade não é tão metódico. As pessoas inférteis ficam de luto pela perda de um bebê que eles podem nunca chegar a conhecer. Elas ficam de luto pela perda de um bebê que teria o nariz da mamãe e os olhos do papai. Mas a cada mês, há a esperança de que talvez este bebê tenha sido concebido finalmente. Não importa o quanto eles tentem se preparar para más notícias, eles ainda esperam que este mês seja diferente. Então, as más notícias chegam novamente, e o luto cobre o casal infértil mais uma vez. Este processo acontece mês após mês, ano após ano. É como ter um corte profundo que se abre novamente justo quando começava a cicatrizar.


Quando o casal decide seguir em frente com os tratamentos para infertilidade, a dor aumenta enquanto a conta bancária diminui. A maioria dos tratamentos para infertilidade envolve o uso de hormônios, que alteram o humor da usuária (seu marido lhe dirá que o efeito colateral é insanidade!) Os testes são invasivos e envergonham os parceiros, e você sente que o médico assumiu o controle do seu quarto. E para todo este desconforto, você paga muito dinheiro. Os tratamentos para infertilidade são caros, e a maioria dos planos de saúde não cobre os custos. Então, além da dor de não conceber um bebê a cada mês, o casal tem que pagar caro para realizar o seu sonho, algo em torno de mil reais até números de 5 dígitos, dependendo do tratamento utilizado.

Um casal eventualmente resolverá o problema da infertilidade de alguma destas três maneiras:
· Eles eventualmente conceberão um bebê;
· Eles vão parar com os tratamentos de infertilidade e decidir viver uma vida sem filhos;
· Eles encontrarão uma alternativa para ser pais, como a adoção.


Chegar a uma solução pode levar anos, então seu casal de amigos amado precisará de seu apoio emocional durante esta jornada. A maioria das pessoas não sabe o que dizer e por isso acaba dizendo a coisa errada, que apenas torna a jornada ainda mais difícil para seus entes queridos. Saber o que não dizer já é metade da batalha ganha para dar apoio.

Não diga a eles para relaxar Todo mundo conhece alguém que teve problemas para engravidar, mas que finalmente conseguiu logo que ela “relaxou”. Casais que conseguem engravidar após alguns meses de “relaxamento” não são inférteis. Por definição, um casal não é diagnosticado como infértil até que tenha tentado sem sucesso engravidar por um ano completo. Na verdade, a maioria dos especialistas nem mesmo tratará de um casal por infertilidade antes que eles tenham tentado engravidar por um ano. Este ano é para excluir as pessoas que não são inférteis, mas apenas precisam “relaxar”. Os que sobram são verdadeiramente inférteis.
Comentários como “apenas relaxe” ou “por que vocês não fazem um cruzeiro” criam ainda mais stress para o casal infértil, especialmente para a mulher. Ela sente que está fazendo alguma coisa errada, quando, na verdade, há uma boa chance de que haja um problema físico que a esteja impedindo de engravidar. Estes comentários podem chegar a ponto do absurdo. A infertilidade é um problema médico diagnosticável que deve ser tratado por um médico, e mesmo com o tratamento, muitos casais NUNCA conseguiram conceber uma criança. Apenas “relaxar” não cura a infertilidade.

Não minimize o problema 
A falha em conceber um bebê é uma jornada muito dolorosa. Os casais inférteis estão cercados de famílias com crianças. Estes casais veem seus amigos terem dois ou três filhos, e veem estas crianças crescerem enquanto voltam para o silêncio de suas casas. Estes casais veem toda a alegria que uma criança traz para a vida de uma pessoa, e sentem o vazio de não serem capazes de experimentar a mesma alegria. Comentários do tipo, "aproveite que você pode dormir até tarde... viajar... etc.” não oferecem conforto. Ao contrário, estes comentários fazem com que o casal infértil se sinta como se você estivesse minimizando a dor deles. Você não diria a alguém cujo pai acabou de morrer que ele deveria ficar feliz, pois não vai mais ter que gastar dinheiro com o presente de Dia dos Pais. Deixar de ter aquela obrigação nem mesmo está perto de compensar a incrível perda de um pai ou mãe. Da mesma maneira, poder dormir até tarde ou viajar não fornece conforto a alguém que quer uma criança.

Não diga que há coisas piores que poderiam acontecer 
Nestes mesmos termos, não diga a seus amigos que há coisas piores que poderiam acontecer do que o que eles estão passando. Quem é a autoridade final sobre qual é a “pior” coisa que poderia acontecer a alguém? É passar por um divórcio? Ver alguém querido morrer? Ser estuprada? Perder um emprego? Pessoas diferentes reagem a diferentes experiências de vida de maneiras diferentes. Para alguém que treinou a vida inteira para participar das Olimpíadas, a “pior” coisa que poderia acontecer é um ferimento na semana anterior ao evento. Para alguém que deixou a carreira para se tornar uma dona de casa por 40 anos após o casamento, ver seu marido trocá-la por uma mulher mais nova pode ser a “pior” coisa. E para uma mulher cujo único objetivo de vida é amar e nutrir uma criança, a infertilidade pode sim ser a “pior” coisa que poderia acontecer. As pessoas jamais sonhariam em dizer a alguém cujo pai acabou de morrer, "Poderia ser pior, seu pai e sua mãe poderiam estar mortos”. Tal comentário seria considerado cruel e não reconfortante. Do mesmo modo, não diga à sua amiga que ela poderia estar passando por coisas piores na vida do que a infertilidade.

Não diga que eles não foram feitos para ser pais 
Uma das coisas mais cruéis que alguém pode dizer é: "Talvez Deus não queira que você seja mãe”. Quão inacreditavelmente insensível é insinuar que ser mãe pode tão ruim que Deus achou melhor “esterilizar divinamente” aquela mulher. Se Deus estivesse no ramo da esterilização das mulheres no plano divino, você não acha que ele preveniria as gravidezes que terminam em abortos? Ou então não esterilizaria as mulheres que terminam por negligenciar e abusar de seus filhos? Mesmo que você não seja religioso, os comentários do tipo “talvez não seja para ser” não são reconfortantes. A infertilidade é uma condição médica, não uma punição de Deus ou da Mãe Natureza.

Não brinque de médico Uma vez que seus amigos estejam sob os cuidados de um médico, o médico fará inúmeros testes para determinar porque eles não conseguem engravidar. Há muitas razões pelas quais um casal não consegue engravidar. E acredite, há muitas razões para que o casal consiga engravidar. A infertilidade é um problema complicado de diagnosticar, e ler um artigo ou um livro sobre isso não o transformará num “expert” no assunto. Deixe que seus amigos trabalhem com o médico deles para diagnosticar e tratar o problema. Seus amigos provavelmente já sabem mais sobre as causas e soluções da infertilidade do que você jamais saberá. Você pode achar que está ajudando lendo sobre a infertilidade, e não há nada de errado em aprender mais sobre o assunto. O problema aparece quando você tenta “brincar de médico” com seus amigos. Eles já têm um médico com anos de experiência em diagnosticar e tratar o problema. Eles precisam trabalhar com ele e confiar que o médico deles pode tratar o problema. Você apenas complica as coisas quando despeja outras ideias sobre as quais leu. O médico sabe mais sobre as causas e soluções; deixe seus amigos trabalharem com o médico deles para resolver o problema.

Não seja grosseiro É horrível que eu tenha que incluir este parágrafo, mas alguns de vocês precisam ouvir isso – não faça piadas grosseiras sobre a posição vulnerável de seus amigos. Comentários grosseiros do tipo “Eu doarei o esperma" ou "Tenha certeza de que o médico usará o seu esperma mesmo para a inseminação" não são engraçados, e apenas irritam seus amigos.

Não reclame da sua gravidez Esta mensagem é para as mulheres grávidas – apenas estar ao seu redor já é muito doloroso para suas amigas inférteis. Ver sua barriga crescer é um lembrete constante do que sua amiga não pode ter. A não ser que a mulher com problemas de infertilidade planeje passar o resto de sua vida numa caverna, ela deve encontrar uma maneira de interagir com mulheres grávidas. Entretanto, há algumas coisas que você pode fazer como sua amiga para tornar as coisas mais fáceis. Você tem todo o direito de reclamar sobre os desconfortos para qualquer pessoa na sua vida, mas não coloque sua amiga infértil na posição de confortá-la. Essa sua amiga daria qualquer coisa para passar pelos desconfortos que você está passando porque estes desconfortos vêm de um bebê crescendo dentro de você. Quando ela ouve uma mulher grávida reclamar sobre os enjôos matinais, ela pensa, "Eu ficaria feliz em vomitar nove meses seguidos se isso significasse que eu iria ter um bebê”. Quando uma mulher grávida reclamava dos quilos a mais, ela pensa “Eu amputaria um braço se pudesse estar no seu lugar”.

Não os trate como se fossem ignorantes Por alguma razão, as pessoas parecem pensar que a infertilidade faz com que os casais se tornem irrealistas sobre as responsabilidades de ser pais. Eu não entendo a lógica, mas muitas pessoas dizem que casais inférteis não me importariam muito com um filho se eles soubessem a responsabilidade que estava envolvida nisso. Vamos encarar – ninguém pode saber realmente as responsabilidades envolvidas em ser pais até que sejam, eles mesmos, pais. Isto é verdade quer você tenha conseguido conceber após um mês ou dez anos. A quantidade de tempo que você passa esperando por este bebê não influencia na sua percepção de responsabilidade. Mais ainda, as pessoas que passam mais tempo tentando engravidar têm mais tempo para pensar nestas responsabilidades. Elas provavelmente também já estiveram perto de muitos bebês enquanto seus amigos iniciavam suas famílias. Talvez parte do que influencia esta percepção seja que os casais inférteis têm um tempo maior para “sonhar” sobre como será quando forem pais. Como qualquer outro casal, nós temos nossas fantasias – meu filho vai dormir a noite toda, jamais fará escândalos em público, e sempre comerá legumes e verduras. Deixe-nos ter nossas fantasias. Estas fantasias são algumas das poucas recompensas que temos como futuros pais – deixem-nos com elas. Vocês podem nos olhar com aquela cara de “eu te disse” quando nós descobrirmos a verdade mais tarde.

Não faça fofocas sobre a condição de seus amigos Os tratamentos para infertilidade são muito particulares e embaraçosos, razão pela qual muitos casais escolhem passar por eles em segredo. Os homens especialmente não gostam que as pessoas saibam dos resultados de seus testes, como a contagem de esperma. As fofocas sobre a infertilidade geralmente não são mal-intencionadas. Os fofoqueiros são pessoas bem-intencionadas que estão apenas tentando descobrir mais sobre a infertilidade para que possam ajudar seus entes queridos. Independentemente do porquê você está repassando esta informação para outra pessoa, machuca e envergonha sua amiga descobrir que a Maria, a caixa do banco, sabe qual a contagem de esperma do seu marido e quando a sua próxima menstruação vai chegar. A infertilidade é algo que deve ser mantida tão particular quanto a sua amiga desejar. Respeite sua privacidade, e não repasse nenhuma informação que sua amiga não tenha autorizado.

Não insista na ideia de adoção (ainda) A adoção é uma maneira maravilhosa de casais inférteis se tornarem pais. Entretanto, o casal precisa resolver várias questões antes de estarem prontos para se decidir pela adoção. Antes que eles possam tomar a decisão de amar o “bebê de um estranho”, eles precisam primeiro passar pelo luto do bebê que teria os olhos do papai e o nariz da mamãe. Você precisa, de fato, superar esta perda antes de estar pronto para o processo de adoção. O processo de adoção é muito longo e caro, e não é uma estrada fácil. Por isso, o casal precisa ter certeza de que pode abrir mão da esperança de um filho biológico e que pode amar uma criança adotada. Isto leva tempo, e alguns casais jamais poderão chegar a este ponto. Se seus amigos não puderem amar um bebê que não seja o deles, então a adoção não é a decisão mais acertada para eles, e certamente não é a decisão mais acertada para o bebê. Mencionar a adoção casualmente pode ser um conforto para alguns casais. Entretanto, “forçar” o assunto pode frustrar seus amigos. Então, mencione a ideia casualmente se parecer apropriado, e então deixe pra lá. Quando seus amigos estiverem prontos para falar em adoção, eles mesmos levantarão a questão.

Deixe que eles saibam que você se importa com eles A melhor coisa que você pode fazer é mostrar aos seus amigos inférteis que você se preocupa com eles. Mande cartões. Deixe-os chorar em seu ombro. Se eles são religiosos, deixe que eles saibam que você está rezando por eles. Ofereça o mesmo apoio que você ofereceria a um amigo que acabou de perder um ente querido. Apenas o fato de saberem que podem contar com você diminui o peso da jornada e faz com que eles saibam que eles não vão passar por isto sozinhos.

Lembre-se deles no dia das mães e dos pais Com toda a atividade nestas datas, as pessoas tendem a se esquecer dos casais que não podem ter filhos. Estas datas são um período extremamente difícil para estes casais. Não há como escapar: há comerciais na TV, pôsteres nas lojas, missas nas igrejas para celebrar estas datas, e até mesmo os planos de celebração com a família. Estas datas são importantes, entretanto, pode ser muito difícil quando um casal está esperando pelo seu bebê. Lembre-se de seus amigos inférteis nestas datas, e envie um cartão para eles para que eles saibam que você está pensando neles. Eles apreciarão saber que você não os “esqueceu”.

Apoie a decisão deles de parar com os tratamentos Nenhum casal pode suportar tratamentos de infertilidade para sempre. Em algum ponto, eles vão parar. Esta é uma decisão agonizante para se tomar, e envolve ainda mais dor. Mesmo que o casal escolha dotar um bebê, eles precisam primeiro chorar pela perda do bebê que teria tido os olhos do papai e o nariz da mamãe. Uma vez que o casal tenha tomado a decisão de parar com os tratamentos, apoie sua decisão. Não os encoraje a tentar novamente, e não os desencoraje da adoção, se esta for a opção deles. Uma vez que o casal tenha atingido esta resolução (que seja viver sem filhos ou adotar uma criança), eles poderão finalmente encerrar este capítulo. Não tente abri-lo de novo, por favor!


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Resultado 2ªFIV


Não foi dessa vez...[2]


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No dia 28.09.16, a noite. Fiz um teste de farmácia... Negativo. Só uma antecipação ao exame de beta hcg que fiz no dia 29.09.16. Novamente, negativo. Sem sequer tentativa de implantação, resultado Inferior a 0,1. Exatamente igual ao resultado da 1ª Fiv. Novamente, também, não há embriões congelados. E se for tentar novamente, teria que começar tudo do zero de novo.

Dessa vez, não entrei em contato com o médico para falar sobre o resultado. Eu sabia que a clinica tinha acesso aos resultados do exame de laboratório. Resolvi aguardar ver se eles entrariam em contato antes que eu ligasse para lá para saber se podia suspender as medicações...

Aguardei até o final da tarde, recebi um zap da clinica informando que o resultado havia sido negativo e que era para suspender as medicações. Agendaram uma consulta para a outra semana.

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Obs. Post liberado em atraso, referente de 29.09.16

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quinta-feira, 20 de outubro de 2016

RELATO 2ª FIV :: Transferência

Sábado (17.09.16).
Dia da transferência. 0DC.

Chegamos na clinica as 12h. A transferência seria as 14h, mas antes iria tomar uma medicação na veia que evitar contrações no útero, a medicação chama-se tractocile/atosiban.

No momento da transferência, meu médico disse que iriamos transferir um embrião mórula e dois embriões de dez células. Fiquei desanimada... O quarto embrião parou de desenvolver e os demais não chegaram a blasto, estavam atrasadinhos. Na minha cabeça, já recebi o negativo aí.

Após a transferência aplicamos o Ovidrel.

Hoje também iniciamos a aplicação de heparina que irei continuar utilizando até o dia do beta. Juntamente com as outras medicações: Stradot, Utrogestan, Natifa, AAS, Natele, Vitamina E.

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Terça (20.09.16).
3DC. Segundo o protocolo do médico, dia de aplicar medicação: gonapeptyl daily.

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Sábado (24.09.16).

7dc pós transferência. Segundo o protocolo do médico, dia de fazer exames hormonais para saber se precisava ajustar a medicação ou não. Saíram os resultados e o médico passou outra medicação chamada Euthyrox, pois o TSH estava elevado e ele queria evitar que chegasse a 4,5.

Resultado exames hormonais:
Estradiol [1145,9]
Progesterona [10,24]
TSH [3,90]

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Obs. Post liberado em atraso, referente de 17.09.16 a 24.09.16

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Para relembrar, links:

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

RELATO 2ª FIV :: Preparação do Endométrio parte 3


Quinta (25.08.16). Começo o dia fazendo os exames hormonais. Meu plano de saúde agora anda colocando dificuldades para autoriza os exames de sangue hormonais. Me fazem esperar quase duas horas para autorizar os exames.

Vou para a clinica fazer o ultrassom do início do ciclo.

Entro no consultório, o médico surpreso pergunta "E você já menstruou?"
Respondo "Estou sangrando desde sexta..."

Ele arregala os olhos e diz "É, então melhor dar uma olhada nisso."

No ultrassom ele constata: endométrio fino, de fato, compatível com o inicio do ciclo.

Começamos as medicações (Natele, Vitamina E, Natifa, Viagra, AAS infantil e Stradot) para preparar o endométrio para TEC.

O médico sugere que levamos os quatro embriões até o 5º dia. Eu pergunto se ele acha que os embriões são bons suficientes para chegarem até o 5º dia... Ele me diz que eu já tive um aborto e já estou na segunda fertilização, que valia a pena tentar. Então, decidi que aceitaria a sugestão e ver o que daria.


Resultado exames hormonais:
Estradiol [16,5]
Progesterona [0,43]
FSH [3,4]
LH [0,2]
TSH [3,69]
T4 [1,10]

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Sábado (03.09.16).

Novo Ultrassom. O endométrio estava crescendo, mas poderia estar maior... O médico aumentou a medicação. Endométrio: mm.

Resultado exames hormonais:
Estradiol [570,3]
Progesterona [0,63]
FSH [2,2]
LH [0,9]
TSH [3,5]
T4 [0,96]
VitD [38,6]
  
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Quinta (08.09.16).

Novo Ultrassom. O endométrio não cresceu tanto quanto deveria... O médico fez doppler viu que a vascularização estava boa e o endométrio estava de aspecto trilaminar...Apesar de estar com 7,3mm. O médico mandou iniciar a progesterona na segunda (12.09.16), cinco dias de progesterona. A transferência foi agendada para o sábado (17.09.16)

Resultado exames hormonais:
Estradiol [777,1]
Progesterona [0,39]
FSH [2,3]
LH [2,1]
TSH [3,07]
T4 [0,91

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Obs. Post liberado em atraso, referente de 25.08.26 a 12.09.16

Para relembrar, links:


sábado, 15 de outubro de 2016

INFERTILIDADE: O luto que ninguém vê

Pessoas fazem concessões para todos os tipos de dor.

Muitas vezes compaixão é a nossa primeira e mais natural resposta quando se trata de luto e perda, especialmente perdas que nós podemos dar um nome. Algo perceptível exteriormente é fácil de entender. Fácil de colocar em palavras.

A infertilidade é uma perda de proporções assustadoras.

Aquelas de nós que passaram por isso, pode ser incompreensível. Desconcertante. Entorpecente. No entanto, não é uma perda fácil de definir. Ninguém morreu. Não há funeral para participar. Ninguém manda flores ou cartões com palavras confortantes.

Mesmo para aqueles que sofrem desta perda, pode ser uma luta encontrar as palavras adequadas para descrevê-la.

O que nós realmente perdemos? Que palavras podemos usar para fazer justiça a essa coisa que tira o ar de nossos pulmões?

Essa não é uma perda que tenha nome ou memórias ou anos ligadas a ela.



“Estamos de luto por algo intangível – O que nunca foi e nunca será. Por causa disso, também pode ser difícil para os outros entenderem.”
Enquanto a maioria das pessoas concordaria que é triste não poder ter filhos, o pensamento de se sentir desesperada e sentir essa dor incapacitante e selvagem parece dramática, excessiva e até mesmo vista como fraqueza.

Cheguei a pensar que a reação mais comum à infertilidade foi: “pelo menos não é…”

Ouvi das almas bem-intencionadas que pelo menos eu não tinha câncer. Pelo menos eu não tinha tido um aborto espontâneo ou três. Pelo menos eu não perdi um irmão ou um pai ou mesmo o meu trabalho. Pelo menos eu não estava morrendo.

Para ser justa, estes “pelo menos” não foram ditos por maldade, mas trouxe certa distância em alguns de nossos relacionamentos. Uma parte de mim entendeu que essas frases eram deitas para me tranquilizar, que essas pessoas realmente queriam me ajudar a colocar em perspectiva o que eu senti, mas nesse ponto no início da minha jornada eu ainda estava sofrendo com a dor e o choque disto tudo.

Não era outra perspectiva que eu buscava, (que veio depois), era compreensão.

Eu precisava de alguém para se sentar e segurar minha mão e dizer: “Eu sinto muito, isso deve doer tanto. Eu estou aqui para você.”

Havia algumas pessoas que fizeram exatamente isso, que era seguro para me lamentar com elas. Eles falavam com amor e compaixão e o próprio fato de eles permitirem que a minha dor existisse e me ouvirem estava me curando.

Infelizmente e mais frequentemente, a mensagem não intencional que ouvi foi a de que minha tristeza estava sendo minada e diminuída pelas palavras “pelo menos”.

Como poderia ser possível minha dor pessoal ser medida contra todas as maiores tragédias do mundo?

Então seu me sentei e baixei meus olhos. Torci meus dedos. Balançava a cabeça me desculpando, porque como eu poderia discordar com essa lógica?

Sim, pelo menos eu não estava morrendo.

Só que eu estava.

Eu me peguei sentindo como se eu devesse pedir desculpas por toda a minha tristeza e raiva, por me atrever a ser tão ousada a ponto de deixar meu coração se quebrar e meu mundo desmoronar por isso. Me desculpar por toda essa dor que meu coração não conseguia aguentar.

Gostaria de reprimir todas as palavras que eu queria dizer. A mágoa e o desespero que eu pensei que poderia ser capaz de compartilhar com alguém. Lembro-me de sentir um completo desânimo porque os outros não podiam ver como esta perda para mim era a mesma coisa que sofrer uma morte real.

Eu não tive uma criança para estar de luto, mas no meu coração eu estava de luto por esta criança.

Eu chorei rios pensando nos meninos e nas meninas que nunca teriam o meu sorriso e os olhos do meu marido. Comecei a ter sonhos em que tropeçava em uma floresta que levava a um lago negro onde uma criança estava flutuando de bruços na água. A tristeza que eu experimentei neste sonho ecoou minha tristeza na vida real – indescritível e assombrosa.

Eu sofri intensamente, e acima disso tudo isso, eu senti que a minha maior falha era não ser capaz de apenas colocar um sorriso no meu rosto e me convencer de que, pelo menos, não era pior.

Para mim, no momento, e para as outras no processo de superar isso, é o pior. Simplesmente é.

Não há nada trivial no sofrimento da infertilidade. Uma pessoa pode lamentar a perda de seu sonho de uma família biológica da forma mais honesta e profunda como alguém pode lamentar a perda de um filho ou pai ou parceiro ou sua saúde.

Não há “pelo menos” quando se trata da quebra do coração humano, não há necessidade de tentar medir a dor de uma pessoa contra a outra para ver quem é mais digno de sentir dor e quem não é.

Se você estiver em uma situação semelhante, você provavelmente já sabe que nenhuma dor nunca desaparecerá totalmente, mas eu quero dizer a você depois oito anos de estrada com esta dor, que um dia estas feridas que agora se sentem tão cru e abertas vão se curar. Elas ainda vão pulsar com dor de vez em quando, mas você vai ser restaurada.

A verdade é que as coisas vão mudar e você vai mudar. Nem sempre vai doer da mesma forma como dói agora. Eu prometo a você que você vai encontrar o seu caminho.

Vou deixá-la com um “pelo menos” que eu espero que faça a diferença:


Que nesta dor que te faz se sentir tão solitária, pelo menos você não está sozinha.
TEXTO DE COLLEN BERGE


Retirado de:
https://convivendocomsop.wordpress.com/2016/02/01/infertilidade-o-luto-que-ninguem-ve/

sábado, 1 de outubro de 2016

Meu Coração...

Meu Coração
(Arnaldo Antunes)

meu coração
bate sem saber
que meu peito é uma porta
que ninguém vai atender

quem sente

agora está ausente

quem chora

agora está por fora

quem ama

agora está na cama doente 
só corre e nunca chega na frente
se chega é pra dizer: vou embora
sorriso não me deixa contente 

e todas as pessoas que falam

pra me consolar
parecem um bocado de bocas
se abrindo e fechando
sem ninguém pra dublar

eu já disse adeus
antes mesmo de alguém me chamar 
não sirvo pra quem dá conselho
quebrei o espelho
torci o joelho
não vou mais jogar

meu coração
bate sem saber
que meu peito é uma porta
que ninguém vai atender