segunda-feira, 27 de junho de 2016

RELATO 2ª FIV :: A captação dos folículos (punção)


Estou triste e eu não estava com vontade de escrever...E ainda não estou. Só decidi vir dar notícias em respeito as pessoas que seguem o blog, estão torcendo e esperam por notícias.

Chegou segunda.

Acordei as 3h da manhã para comer alguma coisa. Comi um sanduíche, bebi suco e voltei a dormir. A partir desse momento, mais nada de líquidos ou sólidos, jejum total.

Acordei.

Fui me entreter com o bichinho de pelúcia ambulante que marido me deu de presente. As vezes penso que ele sabe que estou triste e fica quietinho enquanto o afago. 


Eu sabia há semanas que havia milhares de páginas do contrato para ler, preencher, assinar e entregar tudo hoje. Mas, simplesmente, não tinha vontade nenhuma de fazer isso. Na 1ª fiv, eu li e preenchi tudo. Dessa vez, deleguei a função ao marido... Ele não reclamou tanto quanto imaginei que reclamaria.

Sexta discuti com o marido e ele disse que detestava que eu ficasse no zap conversando... No sábado, decidi sair de todos os grupos. Ver se isso realmente faria alguma diferença em me deixar menos triste...

Sai de todos os grupos de zap que estava, isso só fez eu me sentir mais sozinha ainda.

Eu sei que é difícil de entender "nossa como essa menina reclama", mas, de verdade, não precisa entender, apenas aceitem. Vocês não sabem como funciona a cabeça de uma pessoa deprimida... Eu queria estar normal e seguir a minha vida, encarar tudo como se fosse apenas uma pedra no caminho. Mas a pedra parece uma montanha enorme que eu estou tentando escalar sozinha e só tenho vontade de chorar. Os dias passam... Amanhece, anoitece e tudo exatamente igual.

Dessa vez, não preparei a malinha não. Tava nem aí. Meu marido foi almoçar mais cedo, já que teríamos que estar as 11:30 lá. Eu fui tomar banho para me arrumar. Acho que demorei demais no banho, marido veio falar para eu agilizar.

Sai do banho e faltava 15min para 11:30. Estava atrasada, atrasadérrima. A sorte é que a clinica é perto. Peguei o primeiro vestido que encontrei, estou muito gorda/inchada para usar calça comprida.

Chegamos com 5min de atraso. Mas tudo certinho, devolvi hoje o isoporzinho para a clinica. Marido saiu de perto de mim para entregar a documentação. As 11:45 me chamam. Me despeço dele por zap...

Me troco e me deixam esperando sentada na sala de recuperação anestésica. A enfermeira está confusa sobre quem seria a fazer a punção primeiro. Havia eu e outras duas lá. Ela sai para olhar as papeladas, mas, aparentemente, pelo horário da medicação, eu seria a primeira.

Ela volta e pede para que eu me deite na maca. Vão me colocar no soro com uma medicação. (Isso é diferente. Na 1fiv, eu fui direto para o centro cirúrgico), pergunto que medicação é essa, a enfermeira diz que é para evitar sangramento. 


Depois que acaba o soro, me levam para o centro cirúrgico. Não gosto da posição ginecologica, não gosto da forma como "nos amarram", acho totalmente desahumano. Amarram as pernas, amarram os braços. Minha cara estava coçando, mas eu já estava amarrada e não conseguia me coçar. Depois de ser amarrada, tiram os meus óculos. Agora estou cega também. 

Queria dizer que isso só aconteceu dessa vez, mas isso seria mentira. Todo procedimento cirúrgico pélvico é assim...E eu já passei por mais procedimentos assim do que gostaria.

A anestesista é conhecida, é a minha médica da acupuntura. Eu já sabia que havia chance de 90% dela ser a anestesista do procedimento. Mas houve tantos imprevistos nas últimas semanas que eu não ia para acupuntura há séculos. Ela conversa comigo, depois conversa com o médico, juro, nem vi quando ele chegou... Apago.

Depois uma voz me pergunta se estou acordada. Respondo "mais ou menos", troco de maca.

Depois novamente uma voz pergunta se estou acordada. Respondo "nem tanto", troco de maca.

Escuto a voz comentando com outra "vou deixar ela assim, ela ainda está muito sonolenta". O monitor de batimentos cardíacos continua no meu dedo.

Acordo, mas permaneço de olhos fechados. abrir para que afinal?

Escuto vozes ao fundo, aparentemente duas pacientes conversando na sala de recuperação. "Eita eu quando saio da anestesia, acordo 5min depois, essa menina aí ta no sétimo sono..." Suponho que estavam se referindo a mim. Continuo de olhos fechados. Algum tempo depois, totalmente desperta, decido abrir os olhos. A anestesista está na porta da sala conversando. Ela olha para mim e pergunta como estou.

Respondo: Estou cega.

Aí ela pergunta para a enfermeira onde estão meus óculos.

Finalmente, me devolvem os meus óculos.A única coisa que estava sentindo era fome. Olho o relógio na parede, são 14:30.

Me deixam lá. Eu resolvo voltar a dormir... não tinha nada melhor para fazer afinal.

As 15h, aparece a enfermeira e eu a escuto conversando com outra que todos os apartamentos estavam lotados e que, por isso, deixaria eu e a outra paciente, lá na sala de recuperação mesmo. O problema da sala de recuperação, é que os maridos não tem acesso.

A outra paciente reclama que está nauseada e reclama que o marido está esperando na recepção sem notícias desde cedo. Eu comento que o meu marido também... desde 11:30...

A enfermeira vem tirar o monitor cardíaco e verificar os soros. Peço que já que vamos ficar ali, que pelo menos ela traga os nossos celulares para que possamos falar com nossos maridos. Ela prontamente vai pegar. Volta e diz que não irá nos trazer nenhum lanche por medo que coloquemos tudo para fora por causa da medicação.

Acho um absurdo, não como desde as 3h da manhã... eu estou esfomeada, nem um pouco enjoada, comeria uns 30 pratos... Mas, não digo nada, só queria receber alta e ir embora.

O médico aparece e diz que tive oito. Aí pergunto para ele "oito o que? oito folículos ou oito óvulos?". Ele responde "oito óvulos".

O efeito da medicação começa a passar e agora, sim, estou com dorrrr. A enfermeira coloca outro soro, com algum medicamento analgésico. As 16:30 finalmente me liberam dali, mas me dizem que preciso ir até o consultório do médico conversar com ele. Reclamo que queria simplesmente ir para casa. A enfermeira diz que eu não irei esperar muito.

Finalmente saio da parte restrita e encontro com meu marido na recepção. Digo a ele, que ainda teremos que ir até o consultório do médico. Ele também não vê sentido nenhum nisso... Mas vamos até lá.

Dessa vez, a enfermeira disse a verdade, em cinco minutos nos chamaram para entrar.

Lá no consultório o médico disse que ligássemos no dia seguinte para saber quantos óvulos formaram embriões, que na quinta ligássemos para saber a classificação dele e que na próxima semana marcássemos de ir lá para discutirmos os próximos passos.



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No dia seguinte mandei zap para o médico e para uma das várias secretárias da clínica.

Dos oito óvulos, quatro foram fecundados. Achei extremamente baixo o percentual de fecundação, só 50%.

Na 1ª Fiv, eu tive seis óvulos e quatro foram fecundados, percentual de 66%.

E lembrando que os embriões foram parando de dividir e acabei apenas com os dois que transferi...

Juro, estou com medo de ligar na quinta e eles terem parado de dividir também... Estou pensando seriamente em nem ligar para saber e simplesmente esperar para saber só na consulta de segunda.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

RELATO 2ª FIV :: Terceira US (10º dia da indução)


Chegou sexta.
Novamente, o dia começando cedinho. Fazer os exames hormonais antes das 7h para que os resultados saíssem até 14h, estourando as 16h.

Ainda estava com dor na perna, mas agora totalmente tranqüila, pois era só muscular mesmo.

Milagrosamente, dessa vez não remarcaram o horário. Estava marcado para 9:45.

E lá fomos, nós e o isoporzinho. Tinha esperanças que hoje só tomaria duas injeções invés das quatro que estava tomando... Já que a maior possibilidade era da punção ser domingo, então hoje seria só a medicação para romper os folículos (tirando como base a outra fiv tinha sido só duas medicações..). Reta final.

Novamente, nos encaminham para o consultório/sala de estar do Dr famosinho. Dessa vez, estou leve e tranqüila, sem preocupações.

O médico comenta do exame que enviei, diz que fiz muito bem em relatar o sintoma, que era melhor pecar pelo excesso. Disse que no mês passado pegou uma paciente que teve trombose. Mas que agora, estávamos tranqüilos, descartando a possibilidade.

Fui lá para salinha secreta.

O médico fez a US, localizou os folículos, fez medições. Disse que continuaria com as medicações mais um dia, falou que os maiores ainda tinham alguma margem para crescer, então dava para tentar aumentar os outros um pouco mais. A punção seria só segunda.

Quando estava caminhando para me trocar ele disse que a previsão seria ter entre oito a dez óvulos. Não sei se ele disse óvulos querendo falar folículos ou disse óvulos, falando de óvulos mesmo. Não perguntei...

Ele disse que as meninas entrariam em contato comigo a tarde para passar a prescrição já que os exames hormonais só saiam a tarde..



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A tarde, os resultados dos exames de sangue só saíram as 16h. Fiquei olhando pelo site. As 17h, liguei para a clinica para saber se já tinha prescrição. Nada. Disse que iria logo para lá e ficar esperando, já que de qualquer forma, teria que me deslocar para lá para pegar e aplicar as medicações.

Enrolei um pouco para sair de casa, mas as 17:30, já estava lá. Nada da prescrição. Comecei a ficar aflita. A consulta de manhã, os exames hormonais prontos desde as 16h e nada ainda da prescrição dos remédios. =O

18h, mandei um zap para o médico. Estava irritada. Já tinha até anoitecido e eu ainda não sabia quais medicações iria tomar. Só estava eu e as mocinhas da recepção na clinica. Elas na correria, afinal era sexta a noite e a pressa de ir logo embora é grande.

18:30, me aparece a moça com a prescrição dos medicamentos. Eu já estava muito, muito irritada. Para completar a irritação, me informam que a punção foi marcada para 12:30 da segunda. O que significa que irei passar a manhã inteira com fome e com sede, pois tenho que fazer jejum. Para piorar ainda mais tudo, a medicação para romper deveria ser aplicadas as 2:30 da madrugada do sábado para domingo. Vejo a moça do financeiro começar a somar os valores de todas as medicações e penso "só falta agora que ela queira que eu pague tudo agora". Mas, não. O pagamento seria só no dia da punção mesmo.

Me mandam ir para a enfermagem. Literalmente todo o trajeto estava escuro, já tinham começado a apagar as luzes.

Lá na enfermagem, a enfermeira pediu que eu fosse esperar na recepção de lá. Fui, estava tudo escuro. O segurança ficou surpreso que ainda havia gente e se apressou para religar luzes, tv e ar condicionado.

Esperei mais dez minutos ali.

Finalmente me chamaram para tomar as medicações, as mesmas quatro injeções de ontem e anti ontem.

No auge da minha irritação... A enfermeira lá explica que essa aplicação de madrugada eu devo contratar um enfermeiro autônomo para ir aplicar e me passa o contato de um. Pelo menos uma alternativa me foi dada. Masssss eu já estava irritada com tudo. Que desorganização da clínica. Que horário mais imoral esse que agendaram. Parece que querem fazer tudo da pior maneira possível. Na 1ª fiv, o horário ficou civilizado, aplicava a medicação as 22h e a punção era logo cedo da manhã. Relax e tranqüilo, sem passar fome, sede ou estresse para aplicar medicação, bastou ir numa farmácia com ambulatório.

Nessa, além de me fazer acordar de madrugada, me fazer pagar xxx reais para um enfermeiro autônomo ir aplicar nesse horário imoral. Ainda passaria fome e sede na segunda. Aceitei pagar esse valor absurdo, porque, de verdade, aplicar as quatro injeções (uma de ovidrel, duas de gonapeptyl e uma de cetrotide), não era nada fácil para mim ou para meu marido. 


Mas imaginem que estamos no Brasil e que a clinica até agora estava se mostrando ser muito desorganizada... Imaginem se eu fiquei tranquila em saber que teria que ter fé que esse tal enfermeiro iria aparecer na minha casa no horário certinho na madrugada do sábado para domingo para aplicar as medicações.

Voltei para casa e marido disse que fiz certo em chamar o enfermeiro para vir aplicar, pois realmente não saberia aplicar também (simmmmm, somos dois medrosos, julgue-nos kkkkk).

Fiquei bem triste com essa falta de humanização da clinica, porque escolher horários tão ruins? Não sabem que isso estressa ainda mais a paciente que já está estressada? Fazer um tratamento desses já é algo que pesa muito no emocional... E o tal enfermeiro que cobrou os olhos da cara para fazer essa tal aplicação? Me senti extorquida ao mesmo tempo encurralada.

Passei a noite e boa parte do dia seguinte chorando. Discuti com marido também. O único comentário que ele fez a respeito do horário, novamente, é que ia estragar com o horário da academia dele... Isso me irritou tannnnto. Parece que ele não estava nem aí com todo o meu estresse.


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Chegou a madrugada de sábado. E o enfermeiro foi super pontual, chegou 30min antes do horário, então tivemos que esperar um pouco para poder fazer as aplicações.

Nesse meio tempo, caiu a energia. =O Pronto, jurava que agora teria que ir para o hall do andar para tomar as injeções, era o único lugar que estava iluminado... Graças a Deus a energia retornou em cinco minutos.


Esse enfermeiro contou que costuma fazer aplicações para três médicos da clinica, mas que essas de madrugada geralmente são para pacientes desse Dr Famosinho. Porque ele tem muitos pacientes e fica complicado agendar todos em horários razoáveis. Disse que costuma aplicar bastante em pacientes de outros estados e até de outros países, pacientes estes que vem só para fazer tratamento com esse Dr Famosinho (eu já sabia da fama dele e já tinha comentado aqui no blog antes. Bem, espero que o resultado do tratamento faça jus essa fama toda).

Depois que ele acabou, achei que realmente apesar de ter ficado bem aborrecida, foi um dinheiro bem gasto ter contratado o enfermeiro, ele conseguiu a proeza de aplicar as quatro injeções e eu não sentir a picada de nenhuma delas... Não sei que mágica foi essa que ele fez.



Dessas, apenas o cetrodite era no esqueminha do pozinho.





Resultado exames hormonais:

Estradiol [3749,3]
Progesterona [1,22]
FSH [13,0]
LH [1,3]
TSH [2,06]
T4 [1,00]

OBS. [Post liberado em atraso...]

quarta-feira, 22 de junho de 2016

RELATO 2ª FIV :: Segunda US (8º dia da indução)


Chegou quarta.

O horário da US seria de manhã, as 12h, mas as 10h me ligaram para remarcar para a tarde. Queriam colocar para as 17h, falei que não daria certo porque eu ainda teria que ir na enfermagem para tomar a medicação, estava muito tarde esse horário. Marcaram para 15:45.


Marido tinha reclamado que o ultrassom seria bem na hora do almoço e, depois quando foi remarcado, reclamou que ia atrapalhar a academia dele (como sempre)...

Novamente, o dia começando cedinho. Fazer os exames hormonais antes das 7h para que os resultados saíssem até 14h, estourando as 16h.

Fomos lá, levando o isoporzinho, meu companheiro inseparável esses dias. Chegamos umas 15:15, nos deixaram separando lá na recepção... quando era mais ou menos 16:30 chega a mocinha do financeiro querendo a minha prescrição para acertar lá a medicação. Respondo meio impaciente: "Eu ainda nem fiz o ultrassom, como posso estar com a prescrição? Estou esperando aqui há mais de uma hora."

Aí ela sem jeito responde: "ah hoje está tudo atrasado mesmo" e foi embora.

17h chega outra mocinha e nos acompanha, ela não nos leva até a sala de ultrassom como seria o de praxe. Eu pergunto se ela sabe que estamos ali para fazer ultrassom. Ela disse que sim, mas que hoje iramos para o consultório do médico. Ela abre a porta e o médico está atendendo uma paciente. Ela imediatamente fecha a porta e nos diz "Deve ter entrado outra paciente enquanto eu não estava vendo, fiquem aqui." e foi embora. Ficamos sem entender. Como assim? ficar lá em pé no corredor em frente a porta do consultório do médico? o.O

Voltamos até a recepção. Procuramos a mocinha que havia nos levado até lá. Aí ela simplesmente disse "Quando a paciente sair, vocês entram." e nos disse para esperar lá em frente a porta mesmo. =O Gennnnte que desorganização.

Finalmente entramos no consultório. Não sei se cheguei a comentar como é o consultório do Dr famosinho. Sabe aquela mesa que geralmente tem nos consultórios médicos? Lá não tem. Ele costuma ficar sentado numa poltrona. E os pacientes sentam em um sofá em frente. Não sei não, eu acho tão opressor esse formato de atendimento. Mas, sei lá, vai que ele acha que transformar o consultório numa sala de estar deixa a consulta mais aconchegante. Vai entender.

A primeira coisa que ele costuma dizer é "Olá como vai?", eu acho interessante. É exatamente do mesmo jeito que ele fala nos vídeos dele que estão no youtube.

Começo me aproximando dele falando que estava sentindo uma dor na perna esquerda...Digo que super acho que é algo muscular, massss que eu não tenho certeza disso, então achei melhor perguntar para ele. Ele pede para examinar a perna. Ele pergunta onde dói e aperta. Aí diz: "Bem, vou pedir um ultrassom com doppler."

Aí eu fiquei um pouco assustada (na realidade, eu já estava receosa antes... inclusive dormi muito mal pensando que podia ser trombose ou algo do tipo). Pergunto para ele, mas você não acha que é algo muscular? Ele responde que fiz bem em relatar o sintoma e que irá prescrever um ultrassom e diz para eu ir me trocar.

Fiquei meio perdida. Ele iria fazer o ultrassom onde? Tudo que eu via naquele consultório, era uma sala de estar. Aí ele me aponta lá pro canto da sala, uma passagem. Juro nunca tinha visto que aquela sala continuava por ali.

Caminhei até lá e tinha uma sala de ultrassom e também o acesso a um banheiro. Fui me trocar.

O médico chegou para fazer o ultrassom. Brinquei com ele que aquele cantinho era muito secreto kkkkkk Ele achou engraçado.

Ele contou os folículos, fez algumas medições e disse que agora tinham dez folículos. E que havia uma possibilidade enorme, tipo quase certeza, da punção ser domingo.

Volto lá para a "sala de estar", me sento e pergunto novamente se não era apenas uma dor muscular (minha cabeça não estava raciocinando sobre folículos ou punção, só pensava na perna...).

Ele me olha nos olhos e diz: "precisamos fazer o ultrassom para saber o que é, temos que verificar isso. Eu quero esse resultado amanhã sem falta".

Marido perguntou sobre a parte dele. As orientações do Dr Famosinho é que ele deveria renovar o semem um dia e meio antes da punção (também é algo diferente em relação ao outro médico, as orientações na 1fiv é que essa renovação acontecesse três dias antes da punção).

Sai da consulta meio atordoada. Onde que eu iria conseguir fazer um "ultrassom de emergência" assim que não precisasse agendar e que me entregasse rápido o resultado? Era 18h. Decidi que faria a US na manhã do outro dia, que seria mais fácil encontrar alguma clínica.

A prescrição dos medicamentos foi alterada. Agora diminuiu a dosagem do gonal, aumentou a do luveris, acrescentou um medicamento chamado menopur e outro chamado cetrotide. 4 injeções.



Na manhã seguinte lembrei de uma clinica de imagem que atendia por ordem de chegada. Resolvi arriscar. Falei com a atendente ela fez o cadastro lá e tal. Mas na hora de me entregar o papel da entrega, no papel vinha escrito que só entregava no dia seguinte.

Falei com a atendente que era um exame de emergência e que eu precisava do resultado para hoje ainda. Ela foi super ignorante e disse que eu falasse com o médico no exame e ele avaliaria se era emergência ou não.

Não demorou muito e eu fui atendida.

Acho que o exame em questão era algo meio incomum lá. A moça que me conduziu a sala parou um médico ultrossonografista no corredor e perguntou se ele fazia doppler. O médico olhou o papel e perguntou para mim. "É por suspeita de trombose ou é por varizes?". Eu respondo: "bem, aparentemente é suspeita de trombose".

Não demorou cinco minutos e eu já estava na maca com o médico ultrassonografista fazendo o exame. Aí expliquei para ele que eu achava que era uma dor muscular, mas que o médico quis se certificar. Aí o ultrassonografista perguntou quem era o médico. Respondi. Depois percebi que o dr famosinho havia pedido o exame em ambos os membros inferiores, sendo que apenas uma perna estava incomodando.

O ultrassonografista disse que como era um tratamento com muitos hormônios e tal, o médico preferiu ser bem cauteloso. Então eu disse que tinha trombofilia e talvez por isso também o médico tenha pedido o exame. O ultrassonografista concordou, o certo era verificar mesmo.

Graças a Deus o exame deu absolutamente normal. A dor realmente era só muscular. O médico ultrassonografista disse que liberaria o laudo no mesmo dia para que eu levasse para o médico que eu passasse mais tarde para pegar.

A tarde botei o marido para ir pegar o exame de imagem (pedi que enviasse o laudo do exame para o médico por zap para facilitar). Fui na clínica, com o inseparável isoporzinho. Mais uma vez, dei graças a Deus que tinha alguém para preparar e aplicar as medicações.

O luveris, o menopur e o cetrotide são daqueles tipo de medicação que tem que dissolver o pozinho. Uma verdadeira alquimia para mim, fora a habilidade necessária em manejar agulhas. Só o gonal que era "mais tranquilo", já que ele era apenas aplicar mesmo.


Resultado exames hormonais:

Estradiol [1782,3]
Progesterona [1,21]
FSH [16,9]
LH [5,9]
TSH [2,82]
T4 [1,12]

OBS. [Post liberado em atraso...]

segunda-feira, 20 de junho de 2016

RELATO 2ª FIV :: Primeira US (6º dia da indução)


Chegou segunda.

O dia começou cedinho, precisava fazer os exames hormonais antes das 7h para que os resultados saíssem até 14h, estourando as 16h.

Sábado, me ligaram para remarcar o horário do ultrassom (como sempre, mas pelo menos, dessa vez, disseram que o médico ia fazer um parto. Achei fofo o motivo da remarcação), também disseram que o ultrassom custava 150 reais. Questionei se o ultrassom não fazia parte do tratamento de fertilização. Aí a moça disse que não, que a primeira era paga. Fiquei chateada porque no outro médico era incluso e, segundo eu tinha entendido, nesse outro médico famosinho também seria incluso. Também fiquei confusa, ao pé da letra, eu não estava na primeira ultrassom (mas mesmo que fosse a primeira, era para estar incluso também), seria a segunda ultrassom... Pensei em segunda feira quando chegasse lá, em conversar a respeito desse pagamento, mas ao mesmo tempo estava em conflito... "Será que se eu for contestar esse valor, vão começar a me taxar de paciente chata e me tratar mal?" "Será que não seria melhor eu simplesmente pagar e esquecer?".

Segunda, de manhã. Não lembrava de jeito nenhum o horário que tinha ficado afinal o exame... Liguei para a clinica para perguntar o horário, depois aproveitei que estava com o telefone na mão e pedi para falar com o financeiro. Aí disse que estava confusa lá com o orçamento porque eu iria fazer uma ultrassom e tinham dito que a ultrassom custava 150 reais, só que eu pensei que os ultrassons estavam inclusos no tratamento. Aí a moça do financeiro disse que realmente elas estavam inclusos sim e que a moça da recepção se confundiu.

Falei o horário do ultrassom pro meu marido e ele perguntou se eu queria que ele fosse, porque ele iria perder a academia. Fiquei chateada, disse que claro que queria que ele fosse, mas que se ele não quisesse ir, não precisava ir. Ele resolveu ir, mas fez cara de contrariado.

Fomos lá, levando o isoporzinho com as medicações que ainda restavam. Marido disse que a sensação que tinha é que a gente estava levando nossos filhos no isopor. Achei curioso essa perspectiva dele, meio infeliz, já que uma coisa tem nada a ver com a outra. Eu nunca tinha imaginado isso. E, olhe, que passei seis dias indo e voltando com esse isopor, para poder aplicar as medicações lá na clínica.

O médico fez a US, contou alguns folículos e disse que havia oito, nove se contasse um bem pequenininho. Fiquei muuuuito triste com o resultado, exatamente a mesma quantidade de folículos do que deu na outra vez. 

Eu estou tomando o dobro de injeções e tive exatamente a mesma quantidade de folículos...

O médico falou lá com atendente sobre a medicação e ia saindo... Aí quando ele passava caminhando para a porta, perguntei quantos óvulos será que daria isso (mas eu já sabia mais ou menos a resposta por causa da 1 fiv com o outro médico). Acho que ele viu que fiquei triste, disse que a quantidade de folículos estava na média, nem a acima e nem abaixo e que o importante era o resultado final e saiu da sala.

De lá, novamente pro financeiro pegar as medicações prescritas, ele manteve o Gonal e o Luveris. E de lá, novamente pro laboratório para a enfermeira aplicar as injeções. A enfermeira era outra, essa outra não aplica muito bem não, dói.

Próximo ultrassom marcado para quarta...

Resultado exames hormonais:

Estradiol [929,3]
Progesterona [0,64]
FSH [17]
LH [8,3]
TSH [1,79]
T4 [1,01]

Obs. [Post liberado em atraso...]

quarta-feira, 15 de junho de 2016

RELATO 2ª FIV :: Foi dada a largada

Com a chegada do ciclo, marquei a ultrassonografia. Seria quarta de manhã. Tudo ok, marido ia comigo e daria até para ir na sessão aí, a tarde. Masss depois ligaram remarcando para o turno da tarde. Fiquei chateada. A tarde bagunçaria tudo e também não daria para meu marido ir comigo na ultrassonografia, teria que ir sozinha. Já que afinal o ultrassom, necessariamente, tem que ser feito naquele dia específico e tal.

Eu sei que existem imprevistos, mas é muito chato ser remarcada direto. Na 1ª consulta com esse médico, também fui remarcada. e o pior não foi só uma remarcação, me remarcaram duas vezes naquela ocasião. Nesse quesito, o outro médico era mais acessível, podia até demorar a atender, mas ele atendia. Tentei olhar o lado bom de terem trocado meu horário, pelo menos os exames hormonais que também teria que fazer, já estariam prontos no horário que remarcaram. Gostei de ter essa parte dos exames hormonais, na 1ª fiv não tinha esse acompanhamento e eu estranhei muito isso.

Fiz os exames de sangue. Esqueci de perguntar se precisaria de jejum, por via das dúvidas, fiz jejum. A tarde, fui para a ultrassonografia. Falei para o médico que já estava com os resultados dos exames hormonais. Ele disse que já havia puxado do sistema do laboratório os resultados e brincou que na clinica todo mundo era muito "fofoqueiro" com os resultados de exames. Achei engraçado.

O ultrassom foi rápido, ele não falou nada sobre os cistos ou sobre os folículos... E eu também não perguntei, se fosse relevante, provavelmente, ele falaria alguma coisa. Ele falou com a atendente sobre a possível medicação e depois virou para mim e explicou que usaria uma dosagem maior do que geralmente é usada para a minha idade porque meu imc é maior e a medicação precisa circular no corpo inteiro. Depois disse que as meninas iriam passar um monte de instruções (as consultas desse médico são assim, rápidas. Ele gosta de terceirizar as coisas. Bem, é uma forma de trabalhar).

Pronto, aí a primeira mocinha veio explicar as coisas.

- As medicações da primeira parte da indução são dois medicamentos, duas injeções diárias (bem, contanto que alguém aplique para mim, está tudo relax.). Na primeira fiv utilizei uma dessas medicações, mas em dosagem mais baixa.

- Tem mais duas medicações, antibióticos ambos para o casal tomarem. (opa mais novidades. Não teve essas na indução da outra fiv).

- Prescrição de polivitamínico para mim. (Aí complicou um pouco. Poissss eu tinha conversado com o médico sobre vitaminas e ele tinha suspendido o polivitamínico que eu estava tomando porque eu já ia tomar as vitaminas que o hematologista tinha passado...Questionei se o médico estava lembrando disso, pois nas vitaminas do hematologista já tinha dosagens bem altas de acido fólico e vitaminas B... A moça não soube responder).

- Deu orientações quanto a alimentação e hábitos para o casal (também é algo diferente em relação a primeira fiv, na outra, as recomendações do médico era "vida normal" e eu que tive que insistir com o marido para ele evitar beber nesses dias de tratamento...E meu marido ficava irritado dizendo que o médico não tinha dito nada então tudo era invenção minha. Queria que marido tivesse ido para ouvir as recomendações, mas, pelo menos, todas as recomendações estavam escritas no papel que entregaram.)

- Guia de exames para o casal. Observei que os exames pedidos para meu marido são exatamente iguais aos últimos exames que ele fez na ultima consulta. Questionei isso com a moça, aí ela disse que eu observasse que provavelmente poderá ter um ou outro diferente e que só fizesse os que fossem diferentes (mas não há nenhum diferente.. então acho que irei dispensar o marido de fazer os exames dele).

Depois fui encaminhada para o financeiro, ver a questão das medicações. Já tinha ouvido falar que as medicações vendidas lá são superfaturadas e realmente são mesmo. Tem umas que literalmente custam o dobro. (como eu já estava sabendo disso, não foi surpresa nenhuma, já era o esperado). Depois ficaram de me levar para a enfermagem para iniciar as medicações.

A clinica lá é organizada, o problema é que para tudo, eles te mandam esperar na recepção até lhe encaminharem para o outro setor... acho que me esqueceram lá na recepção. Só me levaram para enfermagem depois de quase uma hora e só porque fui na recepção perguntar...

Gostei da enfermeira que aplica as medicações, ela deu instruções quanto aos horários, falou que durante o final de semana, se a clinica fechasse (porque as vezes eles abrem no final de semana também), indicaria um local onde posso ir para fazer a aplicação e que eu não me preocupasse. Também falou dos possíveis efeitos colaterais da medicação (provavelmente não terei nenhum, na 1 fiv não tive quase nada...). Como pretendo ir aplicar lá as medicações da indução todos os dias, ainda não procurei saber como faço para aplicar medicação sozinha, mas já disse a ela que em breve vou precisar aprender a fazer isso, se Deus quiser.

Estou fazendo a indução, na segunda (no 6º dia de indução) devo fazer outros exames de sangue e um novo ultrassom. Só então saberei os próximos passos.



Resultado exames hormonais:

Estradiol [63,1]
Progesterona [0,41]
FSH [8,1]
LH [6,2]
TSH [2,34]
T4 [1,11]

OBS. [Post liberado em atraso...]

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Esperança de tentante





Quando saímos da consulta do médico, meu marido me convidou para viajar. Ele estava de férias e eu não estou mais trabalhando, né...Topei.

Assim, levando em conta que havia uma pequena possibilidade do Red chegar em plena viagem...Mas topei ir, isso é que é viver fortes emoções. Marcamos de ir para Jericoacora, a 5 horas de Fortaleza. Seria um bate e volta, iríamos numa terça e retornaríamos na quinta... Por que? Porque agora temos um bebê em casa (o auau) e iríamos deixá-lo na minha mãe. Como ele é muito bebê ficamos meio com o coração na mão, mas seriam poucos dias. Arriscamos.

Meus seios estavam incomodando muito. Comecei a desconfiar, numa cabeça de tentante sempre há esperança.

Chegamos de viagem e nada do Red. Nos outros últimos dois meses, o ciclo tinha tido 26 dias. E chegamos de viagem exatamente no dia 26dc. Sei, é muita ansiedade da pessoa, massss resolvi fazer um beta. Afinal se estivesse grávida, era melhor descobrir logo e iniciar as medicações o mais rápido. Era muito cedo ainda... porque afinal já tive ciclo que chegaram até 35dc... Mas resolvi tentar, quem sabe dava alguma coisa. E se não desse, era só questão de esperar o Red chegar e se não chegasse repetir o exame. Pragmatismo puro.

Fiz o exame no 27dc, sexta. Resultado saiu menor 1,2. Fiquei na dúvida, esse 1,2 era a referência do laboratório ouuuu realmente tinha parecido algum hcg? Conversei com a minha amiga do blog (Do sonho a espera) e ela me convenceu que era só a referencia do laboratório mesmo. Desacanei. Não, não era gravidez.

Segunda, dia 13.06, a noite o Red chegou com tudo. Marquei o ultrassom para quarta, 3dc. E também faria os exames hormonais.

Obs. [Post liberado em atraso...]

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Atualizações do lado de cá... Consulta de retorno

Ainda em estado de choque com essa nova perspectiva sobre uma próxima gravidez. Gravidez de risco, ou gravidez preciosa, como falou o médico hematologista. Tenho muito medo de viver tudo aquilo novamente... A espera interminável até as ultrassom, a insegurança de não saber se estava tudo bem.

Apesar de ser um verdadeiro vencedor, meu guerreirinho não conseguiu permanecer comigo batendo o coração. Causa hormonal? Problemas de coagulação? Má formação? Nunca saberemos... E dói, como dói, a saudade que ele deixou...

Só que desistir não é uma opção. Então...

Exames em mãos liguei para agendar o retorno com o Dr Famosinho. Consegui para duas semanas depois... Esse médico famosinho não é tão acessível quanto o outro médico que eu ia.

Enfim, chegou o dia do retorno da consulta do Dr Famosinho.

Estava nervosa com esse retorno, não tinha gostado do médico na 1ª consulta. Mas resolvi insistir porque realmente o protocolo dele parece ser bem interessante. Depois de refletir muito, achei que devia expressar esse meu sentimento de incompreensão para o médico, afinal se eu for fazer tratamento com ele, espero ter o mínimo de compreensão.

Não sei se após eu dizer isso mudou alguma coisa, mas eu me senti melhor.

Bem, o médico olhou os exames.

Disse que meu marido NÃO tinha varicocele mesmo. Nos exames hormonais dele, só havia uma alteração na prolactina. Mas eu nem tava estressada com isso, pois foi coisa de 1% e o meu marido tinha ido caminhando pro laboratório e nem fez "repouso" antes de colher o exame. O médico não falou nada a respeito, então eu deduzi que tava tudo ok nos hormonais também.

Ele olhou a minha ressonância e disse que não havia mioma mesmo... Aí eu falei novamente que na videohisterospia foram procurar o tal mioma e também não haviam achado nada. Com a ressonância, está mais que confirmado que não tem mioma nenhum.

Aí ele falou novamente como era o protocolo da fiv dele. Que é feito em três etapas. A primeira é a indução, ele induz e congela (ele disse que as taxas são melhores se transferir congelados pq o corpo está livre dos hormônios). Na outra etapa faz a injuria e ele falou que no ciclo da injuria, ele pretende usar intralip também (acho que ele viu o meu exame de NK que o outro médico havia passado, mas não tenho certeza porque ele não comentou nada a respeito). E depois... transfere e usa um medicamento chamado atosiban (eu li que evita a contração do útero). Quanto tempo exatamente leva tudo isso? Não sei kkkkkkkk Eu acho que uns três meses.

Perguntei sobre as medicações do hematologista. Ele disse para não usar, por enquanto, usar somente as vitaminas que o hematologista passou. Porque para fazer a punção, eu corro o risco de hemorragia se tiver tomando o AAS ou a Clexane. Perguntei se devia continuar com o Damater, polivitaminico que o outro médico havia prescrito, ele disse para suspender e ficar só com as vitaminas do hematologista.

Aí ele perguntou quando que eu iria menstruar... e eu realmente não sei, meu ciclo é doido. Quando o ciclo chegasse, eu avisasse para marcar a US do 3º dia, para começarmos a indução (oi?). Perguntei lá dos cistos que tinham aparecido na ressonância. Aí ele disse que eles não atrapalhavam, mas que iria ver na US como estavam para decidir se começava nesse ciclo ou só depois. O.O Aí também me entregaram uma guia para fazer exames de sangue no 3dc e trazer os resultados quando viesse fazer a US. Achei interessante essa parte dos exames (na minha 1 fiv, o médico não pediu essa avaliação hormonal no início da indução não).

Bem, e é isso... Estamos aguardando o RED.


domingo, 5 de junho de 2016

Perda Gestacional ::

A perda gestacional é uma perda real e uma dor imensa: não a subestime Mulheres que perdem seus filhos em algum estágio da gestação recebem menos compaixão do que uma mãe que perde o filho depois do nascimento.




Nenhum luto é comparável ou pode ser classificado em alguma hierarquia (embora a nossa sociedade faça isso o tempo todo). Mas dá pra dizer entre os lutos que são subestimados ou impedidos de serem chorados, a perda gestacional, precoce ou tardia, é particularmente cruel.

Se você quer ajudar alguém que sofreu uma perda gestacional, a primeira coisa, portanto, é não subestimar a sua dor. Ela é tão grande, acredite, como a de uma mãe que perde um filho depois do nascimento. A partir dessa premissa de respeito e empatia as atitudes positivas em direção dos pais que sofreram a perda devem ser equivalentes às que você dirigiria a uma mãe ou pai que perdeu um filho já nascido.

– Não subestime a dor da perda gestacional.
– Não aja, em relação à mãe ou pai enlutados, como se nada tivesse acontecido.
– Não diga que “eles ainda terão outros filhos”.
– Não pergunte se eles “já começaram a praticar”.
– Se o bebê já tinha um nome, refira-se a ele pelo nome ao manifestar seus sentimentos.
– Pergunte se pode ajudar de alguma forma.
– Se a pessoa quiser falar sobre o assunto, esteja preparado para ouvir.
– Se houver um funeral como no caso das perdas tardias, não pense em faltar (você não faltaria ao enterro de uma criança já nascida).
– Em suas conversas com a família evite culpar a equipe médica, o hospital ou a forma de parto escolhido ou qualquer coisa que só agrava o sofrimento.
– Evite indicar novos profissionais para “a próxima vez”.
– Não diga para a mãe ou pai que eles têm que superar rapidamente.
– Permita que o casal tenha seu tempo de luto. Não existe um limite ou uma regra de normalidade para a tristeza passar.

Existem grupos de apoio à perda gestacional e neonatal, como o Do luto à Luta que reúne depoimentos de quem vive ou viveu esse drama e informações e orientações úteis e inspiradoras para ajudar os pais nesse momento. Para entender o que se passa no coração de uma mãe que sofreu uma perda gestacional entrevistei uma amiga querida, a editora Clarissa Oliveira, que no ano passado perdeu seu primeiro filho, o Martin, com 40 semanas de gravidez.

O que, além da dor da perda, foi mais difícil para você, seu marido e família, ao enfrentar o drama da morte do filho antes do nascimento?
O mais difícil foi entender “quem eu era” depois da morte do Martin e voltar à vida com essa nova identidade, essa trágica história para contar. O primeiro mês, apesar da dor imensa e da saudade infinita, foi mais tranquilo, pois me permiti ficar protegida, cercada somente de pessoas mais próximas, e sentia muito amor e muita gratidão por ter vivido com ele, mesmo que por tão pouco tempo. Mas ter de enxergar o “horror” das pessoas ao se defrontarem com a minha perda me assombrava. No fim das contas, acabou sendo menos terrível do que na minha fantasia.
Para o meu marido e a minha mãe, a sensação de injustiça foi muito ruim. Como eu já havia lidado com a indignação do “por que eu? Por que comigo” antes (já que passamos por uma série de tratamentos para engravidar), eu não tinha essa expectativa de justiça, então fui poupada desses pensamentos torturantes.

Os hospitais estão preparados para oferecer acolhimento e respeito nessa situação?
Fui atendida numa maternidade particular por uma equipe humanizada (composta por obstetra, assistente e anestesista), além de contar com a presença do meu companheiro, duas doulas (profissionais voltadas para o apoio emocional do parto e puerpério) e a minha mãe. A indução ocorreu num quarto escuro e silencioso e eu pari no centro cirúrgico, onde me permitiram ficar quase uma hora com o meu filho. Considerando outras histórias que ouvi, acho que fui privilegiada. Tive o parto normal que eu quis, sem lacerações nem violência obstétrica, e tive um momento íntimo com o Martin e o meu companheiro. Limpei, beijei, vesti e conversei com ele. Foi o momento mais sublime da minha vida.

No entanto, gostaria de ter tido a oportunidade de passar mais tempo com ele – de levá-lo para o quarto, por exemplo, em vez de me sentir pressionada para liberar a sala de parto no centro cirúrgico. Também me foi oferecido um remédio para secar o meu leite, que recusei. Gostaria que tivessem me perguntado sobre isso, porque se eu não fosse uma pessoa questionadora e desconfiada, teria tomado o remédio e me privado do processo de produzir, ordenhar e doar leite, que foi primordial no meu processo de cura.

O que, entre a rede de apoio de amigos e familiares, ajudou vocês?
A “blindagem” que a minha família, meus amigos, minha equipe no trabalho e minha doulas fizeram foi essencial naquele primeiro momento. As mensagens de amor e a presença no enterro (e depois) também foram muito importantes. Faço análise e foi ótimo já ter uma relação estabelecida com um profissional ao invés de buscar ajuda de um estranho. Depois de um mês, mais ou menos, busquei contato com pessoas que também passaram pela perda gestacional ou neonatal e sensação de não estar só foi reconfortante.

O que não ajudou?
A falta de contato de alguns amigos e a culpabilização não dita – porém evidente – de alguns parentes. Embora eu entenda a dificuldade dos outros em lidar com esse tipo de tragédia, e compreendo que nomear um culpado seja inevitável para alguns, eu esperava mais empatia e presença de algumas pessoas.

O que você gostaria de dizer (ou fazer) a alguém que vivesse a mesma perda?
Gostaria de dizer que eu sinto muito, que estamos juntos. Gostaria de perguntar e dizer o nome do bebê que morreu, e responder com o nome do meu filho. Eu me colocaria à disposição e, caso a pessoa quisesse, indicaria grupos de apoio virtuais ou presenciais. Diria que o amor é infinito, mas a dor é imensa, e pediria que eles se dessem a permissão de senti-la e viver o luto.

Você buscou ou busca alguma ajuda terapêutica especializada?
Eu já fazia análise há anos e continuei com o mesmo analista, que segue a linha junguiana. Fui a um encontro de um grupo de apoio para perdas gestacionais na minha cidade, e foi bom, mas não retornei porque preferi trabalhar o meu luto no meu tempo, de forma mais individual. Mas foi importante ter ido e me conectado com as pessoas, e indico o grupo para quem passou por uma experiência parecida.

Como foi a sua volta ao trabalho? Há algo que você sugeriria nos ambientes de trabalho para ajudar quem passe por uma perda como a sua?
Foi difícil. Eu pedi para voltar antes de terminar minha licença, num esquema de 3 dias por semana. Eu queria “voltar logo”, como incentivavam todos, mas tinha medo de enfrentar “o mundo real”. Meu ambiente de trabalho é muito acima da média. A equipe é muito acolhedora e a empresa é nota dez. Mas foi doloroso, em especial porque alguns colegas não souberam como tocar no assunto e optaram por ignorá-lo completamente. Teve dia em que eu chorei na mesa do computador ou no banheiro e tudo bem, houve compreensão. O que eu acho importante é que o assunto não vire tabu e que não seja ignorado.

Você sente que a perda gestacional é subestimada pela sociedade de uma forma geral?
Sim e não. A minha perda foi uma perda tardia. Eu estava prestes a completar 40 semanas. Não acho que ninguém subestimou a minha dor. No entanto, como o bebê não existiu para muita gente, a reação é como se fosse a dor de uma frustração, e não a perda de uma pessoa real. Isso é muito difícil, porque ouvi coisas como “logo vocês engravidam de novo” e teve parente que nunca falou o nome do meu filho (inclusive cogitaram não ir ao enterro porque tinham “cirurgias marcadas naquela hora”, o que certamente não teriam dito se fosse o enterro de uma criança que chegou a viver fora do útero). A percepção de que o meu filho não existiu para o mundo é terrível. Nesse sentido, eu acho que é uma perda subestimada. Por outro lado, “perder um filho”, no nosso imaginário, é o pior que pode acontecer com uma mulher, então, de certa forma, é até superestimado.

De que forma você acredita que as pessoas poderiam se solidarizar mais e compreender melhor quem passa por uma perda gestacional?
Acho que a empatia é a solução para quase todos os males. Acredito que a única forma de conseguir se solidarizar é se permitir ficar numa situação de desconforto. Sentir a dor junto. Mas esse discurso não combina com os valores do nosso mundo imediatista e “anti-dor”. Portanto, se não for possível se colocar nesse lugar terrível – o que eu entendo–, pelo menos há de se fazer um esforço para não negar ou exacerbar a dor do outro. Alguns pequenos gestos fariam toda a diferença: não fingir que não aconteceu, não comparar dores ou perdas, não apressar o luto, olhar no olho e, sobretudo, dizer o nome do falecido. Há muito poder num nome.

Perda Gestacional :: Perda de bebês

Texto compartilhado no facebook "Arca da Imaginação" 

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PERDA DE BEBÉS

Maria e João são um casal, que têm uma filha e um filho, porém, a filha é de um jeito diferente, eu vou contar a história deste casal:

Aos seis anos Maria e João conheceram-se, e começaram a sentir-se apaixonados um pelo outro aos sete anos, e com 7 anos e meio começaram a namorar. Agora têm 45 anos, mas tiveram sempre a ideia de ter um filho. E, finalmente, Maria estava grávida aos 32 anos.

Quando ia fazer as ecografias, a médica dizia que estava tudo bem com o bebé. Numa ecografia, soube-se que era menina. Maria e João ficaram logo contentes, eles SEMPRE quiseram ter uma menina.

Naquela altura trabalhavam muito, porque, João tinha que ganhar dinheiro para roupa e bonecas e Maria costurava algumas saias, e de vez em quando ia às compras, comprava biberões, chuchas etc.

Fizeram tudo, já tinham mais de cem roupas prontas, um quarto, bonecas, até que na ÚLTIMA ecografia, Maria e João ouviram a frase mais chocante da sua vida:

- Lamentamos muito, mas a sua filha faleceu!

Uma simples frase, só que muito chocante.

Maria e João ficaram devastados,

Maria teve que fazer um parto normal e no fim ver a sua filha nascer morta.

Pouco tempo depois, começaram a ouvir aquelas frases tão desagradáveis.

- Ai já passou! Esquece! Era só um feto! O que interessa são os vivos! Não te lamentes assim: bla bla bla.

MORREU! Não existe! MORREU, PONTO FINAL!- Diziam os outros.

O luto que passaram pela morte de Mariana (filha de Maria e João) foi bastante doloroso.

Eles não perderam um feto, mas sim uma filha!

Maria e João tiveram que lutar contra o luto e contra as pessoas, foram dando pequenos passos, sempre em frente e não dando importância às opiniões dos outros.

Maria engravidou novamente, ainda com o luto. Maria e João achavam que o bebé também ia morrer.

Era um menino, e… nasceu com vida! Apesar de outro filho, Maria e João nunca esquecerão a sua filha. Conseguiram vencer o Luto, agora é só tristeza de vez em quando.

Eles sempre serão pais de 2 filhos, a Mariana e o Rodrigo.

Maria e João decidiram falar de Mariana ao Rodrigo e foram criticados por isso.

As pessoas não sabem o que dizem, porque não sabem o que a Maria e o João sentem no fundo.

O que as pessoas também não sabem, é que, Maria, João e Rodrigo são felizes à maneira deles.

Na casa deles vivem 4 corações, mas só eles é que veem e sabem.

O que eu acho:

Perder um filho na barriga é uma coisa que dói muito, as outras pessoas pedem para esquecer.

Eu sei, porque perdi uma irmã. Ela tem 10 anos e vive no Céu.

Aconteceu aos meus pais o que escrevi na história, mas acho bem eles nunca se terem calado e me terem contado da mana.

Dizem que quando morre um bebé, perde-se. Eu acho que se ganha.

Os meus pais e muitos outros pais, ganharam um filho, embora não viesse com vida.

Eu tenho 9 anos e sei disto tudo. Pergunto porque os adultos não entendem se é tão simples.

Peço aos adultos que respeitem os pais que ganharam filhos no céu.

Dedico esta história a todos os pais que perderam um filho, a todos os irmãos que perderam irmãos, aos meus pais e, especialmente, à minha irmã Mónica.

sábado, 4 de junho de 2016

Você iria nascer...esta semana




Eu poderia encher as redes sociais com imagens belas e alegres. Mas como eu posso fazer isso se meu coração está tão triste? Devo fingir que estou feliz? Devo fingir que tudo está bem? Devo fingir que não tenho saudade do filho que estaria nascendo esta semana, dia 04? Devo fingir que não tenho medo do futuro e suas tantas incertezas? ... Sim, estou triste. Talvez melhore... algum dia.