segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Obstetra Poser

Postagem de  Priscilla Rabelo no grupo Parto Normal em Fortaleza
- https://www.facebook.com/groups/partonormalemfortaleza/permalink/2050462518304091/

Em inglês, "poser" significa literalmente "alguém que faz pose", e é um termo pejorativo que descreve alguém que afirma que faz parte de uma determinada subcultura. Apesar disso, os elementos dessa tal subcultura afirmam que o poser não tem autenticidade, porque não compreende os valores ou a filosofia dessa mesma subcultura.
Em muitos casos, o poser não possui argumentos mais profundos sobre a subcultura a qual pertence mas finge ser um grande conhecedor do assunto.

No mundo dos partos, um poser, é por exemplo, o "obstetra tipo humanizado", o "fofinho".

Quem é o obstetra "tipo humanizado"?

É aquela pessoa fofa, que diz que vai atender o parto como você quiser (banqueta, piscina, etc) mas que tem entre 70-90% de cesáreas em todos os planos de saúde.

É aquela pessoa que conhece as evidências científicas, ou, pelo menos, parte delas. Mas na prática, usa seus pensamentos pessoais como critérios de decisão e usa jargão científico para dar um ar "credível" às suas palavras. "Minha querida eu sei que a gravidez dura entre 38 a 42 semanas, em alguns casos até mais. Mas eu não acho seguro. Se fosse meu bebê, nasceria no dia que faz 41 semanas".

É aquela pessoa que tem alguns relatos de parto lindo mas quando você vai ver de perto, para cada relato lindo (que tem invariavelmente uma mulher que chegou no hospital praticamente parindo) tem outros 10 de cesáreas que nem havia uma indicação clínica (Como desconfiar, ainda mais num momento de fragilidade, do obstetra mego-fofo que olha nos olhos, usando palavras caras e complexas, e é pago a peso de ouro?).

É aquela pessoa que diz que para mulher que respeita suas decisões, trabalha como backup de equipes de enfermeiras que atendem parto em casa, mas depois dão entrevistas e palestras sobre os perigos do parto domiciliar, se declarando absolutamente contra.

O que então o obstetra "tipo humanizado" vai fazer num congresso de parto humanizado? Ser "poser".

É preciso saber a diferença entre SER e PARECER, para não desperdiçar sonhos e suado dinheirinho em pagamentos de valores altíssimos que vão terminar em cicatrizes físicas e emocionais.

Parto humanizado não é servir cafezinho, nem falar baixinho. É respeitar a mulher e trabalhar em consonância com as evidências científicas.

De nada adianta sorriso no rosto, segurar mãos nas mãos e levantar o bisturi a todo instante.

Não existe humanização com taxas surreais de cesárea. Não existe.

Mulheres,

- vamos lutar pelo SUS,

- vamos lutar por atendimento de qualidade na rede conveniada (planos de saúde),

- vamos lutar por mais enfermagem obstétricas nos atendimentos nos partos hospitalares de baixo risco

E se você vai pagar por atendimento particular, se informe bem:

- procure as estatísticas de parto e cesárea

- pergunte claramente ao médico a conduta dele em VBAC, prematuridade, bolsa rota, indução, gestação com mais de 40 semanas, etc.

- leia os relatos com "olhos de ver", procure à luz das evidências se havia ali indicações reais para intervenções e cirurgia.

...

E por favor, não desanime. Juntas somos mais fortes!


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