sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Falta humanidade no atendimento e relacionamento médico a pacientes

Fonte: http://www.douradosnews.com.br/noticias/falta-humanidade-no-atendimento-e-relacionamento-medico-a-pacientes-por-silva-junior

Gostaria de expressar minha indignação com relação ao tratamento dispensado ao cidadão por profissionais da área da saúde em nosso País. Em Dourados, cidade onde vivo há quarenta e nove anos, me parece ainda maior o descaso.

Nessa linha vou direto ao ponto: falta humanidade e educação.

Tem pessoas, nesse contexto, que se acham acima do bem e do mal. Alguns perdem essa humildade logo que se credencia ao CRM (Conselho Nacional de Medicina).

Em hipótese alguma generalizo, contudo, deixo bem claro o respeito, carinho e admiração por muitos profissionais médicos, pais e mães de famílias exemplares, tanto no exercício da profissão quanto no convívio social.

Tirando essa minoria, repudio com veemência a atitude antiprofissionaI e antiética de grande parte. Muitos, inclusive com ações inconvenientes e discriminatórias, com relação aos pacientes, nos quesitos credo, cor e situação econômica.

Referendando e ratificando tudo isso, demonstro aqui, através de um fato que aconteceu domingo próximo passado (19), por volta das seis horas da tarde. Uma menina de treze anos foi levada pelos pais para receber atendimento médico no Hospital do Coração (plano Unimed). E diga-se, acometida de muita febre e dor. Minutos antes da troca de plantão.

Na portaria, a recepcionista disse: “não sei se o médico ou médica que assumirá o plantão atende criança dessa idade, mas se quiser esperar...”.

Pai, mãe e criança esperaram por cerca de vinte e cinco minutos. Nada e ninguém apareceu para as providências necessárias. Questionada sobre a demora, a atendente alegou que quem iria assumir o plantão não a atenderia devido à idade...

Enfim, não sendo atendidos, os três se dirigiram para outro local na busca de socorro: Hospital Santa Rita.

A menina sentia desconforto e reclamava de dores, especialmente na cabeça. No Hospital Santa Rita o procedimento na recepção foi rápido para preencher formulário, porém, e para surpresa dos três, o clínico disse para o atendente que não atendia paciente com essa idade. Deveriam procurar um especialista, pois se tratava de paciente pediátrico. Segundo informações, o HSR não possui atendimento pediátrico no período noturno, ou que voltassem no outro dia, apesar da gravidade da situação da paciente.

Ora, onde está o espírito de humanidade do tal clínico, que negou atendimento a paciente em estado grave?

Argumentos a parte, a solução foi seguir para o Hospital Evangélico.

Interessante para não dizer ignominioso, é que no referido decano nosocômio, tinha pediatra naquele horário, a qual informou que não atenderia a paciente, pois contava com 13 anos e não era caso para pediatra e que deveriam procurar um clínico geral. Sem alternativa, os pais esperaram atendimento ali por um clínico geral.

A atendente disse que o médico poderia estar no pronto socorro e que demoraria um pouco. Essa demora passou de quarenta minutos. Sempre no maior pouco caso. Repito: atendimento com plano de saúde Unimed que recolhe quase mil reais/mês.

Esse é o retrato fiel da falta de respeito para com o cidadão (ã) na área de Saúde no Brasil. Descaso, descaso e descaso...

Do governo inoperante, das instituições incompetentes, dos profissionais que se acham acima de tudo e de todos, inclusive da lei, e a corda arrebentando, como sempre, no lombo do trabalhador que se prostra diante da proteção divina, haja vista que dos homens pouco ou nada podem esperar do simples cumprimento de seu dever de ofício.

Se com um plano de saúde, pago mensalmente, há mais dez anos ininterruptos, pergunta-se, o que adianta ter hoje em dia um plano de saúde?

É de se pensar, é o que acontece diuturnamente, nos hospitais e postos públicos, onde o número impressionante de pessoas morrem por falta de atenção.

Onde está a sensibilidade e o cumprimento do juramento de Hipócrates, de alguns desses profissionais, numa área que envolve decisivamente a vida ou morte da pessoa?

Nessas e em outras situações, assistimos os trabalhadores sendo massacrados e roubados descaradamente, pelo Governo e pelo sistema que transformou muitos desses médicos em partícipes da famosa máfia branca, poderosa e que age sem escrúpulo e sem pudor, matando e destruindo famílias, agarrados no braço da impunidade. Essa realidade é duríssima.

Essa criança é minha filha, e os pais, eu e minha esposa vivenciamos esse fato vexatório neste domingo, 19 de outubro de 2014. É numa hora dessa que o cidadão perde a cabeça e age de forma impensada.

É preciso unir forças contra muitos desmandos existentes neste Brasil. A falta de política humanitária no mundo inteiro prevalece. E, servir ao próximo, é uma atitude que já está em desuso, infelizmente.

Lembro, à guisa de informação ou para rememorar a muitos desses ditos “profissionais”, que a medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e deve ser exercida sem discriminação de nenhuma natureza, nesse caso, de idade. Até quando continuaremos sendo alvo desse tratamento desigual na assistência de saúde, incapazes de reivindicar um atendimento com mais dignidade e respeito nos hospitais e postos de saúde públicos deste país?

Se a sociedade civil não exigir melhorias na saúde e no controle dos planos privados (pelos quais se pagam preços abusivos), estaremos fadados a ser uma nação, não de cidadãos, e sim de pacientes, condenados à morte precoce por descaso.

Este é o alerta e apelo para que sejam tomadas as providências cabíveis, para que casos como este não se repitam. Não e cale ante a seus direitos.

O autor é jornalista - silvajuniorddos@gmail.com


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