A dura realidade da amamentação por aqui
E na maternidade tentaram colocar o bebe para pegar o peito
na 1ª hora. Não deu certo, a posição não ajudou muito e ele não pegou. Mas
algum tempo depois tentamos novamente e foi sucesso. Alias as 24h (sim, eu só
fiquei 24h no hospital) que fiquei no hospital a amamentação foi excelente.
Chegando em casa começou a saga. O bebê não acordava por
nada do mundo. Fiquei preocupada com a tal da hipoglicemia. Foi um caos, marido
estressado porque o bebe não comia, a minha mãe dizendo que o menino tinha
alguma coisa errada. Sai direto de volta a maternidade para ir ao banco de
leite. Chegando lá, mal fui atendida. Acabou que eu mesma consegui colocar o
bebê para pegar o peito. Briguei muito com meu marido e com a minha mãe. Que
eles parassem de me estressar que tudo estava bem, era só questão de ter calma.
No dia seguinte a mesma coisa, nada do menino acordar. Maior
dificuldade para ele pegar o peito, ele só queria saber de dormir e de chorar
desesperadamente. Pensei em dar formula para complementar, a pediatra neonatal
tinha recomendado dar 30ml de complementação se houvesse necessidade. Eu tentei
dar na colher dosadora.
No dia seguinte, chamei uma consultora de amamentação em
casa. Expliquei para ela que tinha feito redução de mama que estava com receito
de atrapalhar a amamentação. Ela ensinou a fazer relactação com uma sonda disse
que assim ia estimulando a mama, isso esporadicamente, em caso de precisar dar formula, porque segundo ela, a meta era ficar só no leite materno. Ela também ensinou uma posição com ele sentado,
disse que devido as minhas mamas serem grandes, talvez fosse melhor nessa
posição para ele pegar mais fácil. Ela viu
que não adiantava mexer nele, nem tirar a roupa, nada... ele não acordava. Então, ela recomendou
que desse banho para acordar ele. Assim, Gabriel passou a “tomar banho” com água
a cada 3h. A consultora também ensinou a fazer o ninho no berço. E a fazer a tipóia
para levantar o peito e ajudar na posição da amamentação.
Eu tinha marcado a primeira consulta com o pediatra para ser
com 10 dias, acabei adiantando devido ao desespero e a primeira consulta do
Gabriel foi em pleno feriado do 7 de setembro, com sete dias. Ele havia perdido
o peso normal que era esperado perder, 10%. O pediatra disse para ir novamente
ao banco de leite e continuar tentando amamentar. A outra consulta foi marcada
com 15 dias.
Fomos ao banco de leite. A enfermeira de lá disse para não
dar formula, que o leite materno era suficiente. Mas eu expliquei que havia
feito cirurgia nas mamas, que o bebê SÓ chorava, que havia algo muito estranho.
Ela insistiu que não precisava dar formula, que eu tinha leite que era para
insistir em só dar o peito. Sai de lá com a esperança que eu ia conseguir
amamentar sim.
Foram 15 dias extremamente estressantes. Gabriel chorava 24h
por dia e era um choro desesperado. Nada acalmava ele. Eu colocava no peito,
ele dormia. Não sei se dormia pelo aconchego ou pelo cansaço de tanto chorar.
Voltamos ao pediatra. Gabriel havia perdido ainda mais peso e nessa altura, ele
já devia começar a ganhar. Além não ter ganho, ele havia perdido. Seu peso não
chegava nem a entrar na curva do gráfico. Novamente, o pediatra recomendou ir ao banco
de leite.
Voltamos extremamente tristes para casa. Meu marido insistiu
para começar a dar formula, demos uma vez a mamadeira, Gabriel, pela primeira
vez parecia saciado, dormindo tranqüilo, mas eu disse que no banco de leite tinham
dito que não era para dar formula que era para dar exclusivamente só o peito.
Tentei chamar novamente a consultora de amamentação em casa,
ela não tinha horário disponível, só na outra semana. Desisti e fui novamente
ao banco de leite. A enfermeira simplesmente não acreditou quando eu disse que
Gabriel não tomava mamadeira, só tinha tomado uma única vez no dia anterior.
Ela ficou agindo como se não acreditasse em nada do que eu dizia. Ficou
insistindo que não era para dar mamadeira, que era para ficar exclusivamente no
peito. A enfermeira do banco de leite ensinou pela milionésima vez como fazer a
pega (coisa que eu já estava cansada de saber), também repassou todas as
posições possíveis (coisa que eu também já sabia de co). Voltei para casa, tudo
continuava igual, Gabriel chorando desesperadamente, mas resolvi tentar tudo de
todas as formas possíveis, talvez eu estivesse fazendo algo errado. Passei o
dia seguinte tentando de tudo. Nada. Tudo igual. Choro desesperado. Será que
meu bebê tinha algum problema sério? =(
No dia seguinte, voltei novamente ao banco de leite, estava
disposta a sair dali com alguma solução. . Estava claro que havia algo muito,
muito errado. E eu precisava descobrir o que era.
Gabriel parecia um mero boneco, devo ter tirado e colocado
ele do peito umas trinta vezes para “treinar” a pega na frente da enfermeira. Afinal,
ela dizia que tudo era uma questão de fazer “direito”. Fiquei com pena do
Gabriel, mas eu precisava descobrir o que estava fazendo errado. Aparentemente,
eu não estava fazendo nada errado, mas porque ele não parava de chorar? Sai do
banco de leite, me sentindo a pior mãe do mundo. Lagrimas caiam dos meus olhos.
Eu não conseguia encontrar onde estava errando. Meu filho estava perdendo cada
vez mais peso, ele estava muito magrinho, daquele jeito que a pessoa fica só
pele e osso, tava dando dó de olhar para ele. Ele chorava desesperadamente 24h
por dia.
Resolvi tirar leite com uma bomba elétrica e dar para ele.
Porque se fosse problema de pega, pelo menos ele não deixaria de comer. Passei
trinta minutos com a bomba em cada peito, no total de uma hora. Sabe quantos ml
consegui tirar? 10ml... Isso no TOTAL das DUAS MAMAS depois de UMA HORA COM A
DESMAMADEIRA ELETRICA. Depois de QUASE UM MÊS com o bebê pendurado no peito ESTIMULANDO
A PRODUÇÃO e TOMANDO MEDICAÇÃO para ver se ajudava na produção também. Não
acreditei no que estava vendo. 10ml.
Com os olhos cheios de lágrima, peguei a lata de formula e a
sonda. E decretei que meu filho não passaria mais fome. Estava confirmado que
ele estava passando fome, por isso chorava tão desesperadamente. Por isso ele
estava perdendo peso. Estava claro que a cirurgia de redução de mama TINHA SIM
prejudicado a produção de leite materno.
E assim começamos a introduzir a formula. Na sonda, ainda na
esperança de conseguir dar um up na produção de leite materno. Mas dar na
sonda, era muito trabalhoso. Tinha que ficar trocando a sonda, tinha que
escaldar tudo. Tentamos também na colher dosadora. Foi pior ainda. Ele não
tomava, mais caia fora do que dentro da boca dele. Fomos insistindo. Tentei
outras diversas vezes tirar leite do peito, inclusive de madrugada, que dizem
que é o horário de pico. Nada. Saia os mesmos 10mL.
Voltamos ao pediatra e contamos o que havia acontecido. Ele
prescreveu outra formula. E disse para dar na mamadeira mesmo. Perguntei a ele
sobre a tal confusão de bico que poderia acontecer por usar a mamadeira. Ele
explicou sobre a culpa materna e a maternidade real. De fato, por mais que eu
tivesse introduzido a formula, por mais que eu tivesse passado a gravidez
inteira refletindo sobre a possibilidade disto acontecer, eu ainda não tinha
aceitado que não iria amamentar. Combinamos então, que eu intercalaria a
amamentação com a fórmula.
Com a introdução da formula na mamadeira, Gabriel passou a
recuperar o peso. Transformou-se em outro bebê. Um bebê calmo que não chorava
mais, inclusive, começou a sorrir. Também ficamos menos estressados, pois a logística
da mamadeira era mais fácil do que na colher dosadora. Não derramava tudo.
Porém, com o passar do tempo, estava cada vez mais difícil colocar
ele no peito. Ele não queria. Empurrava, esperneava, fazia tudo para não ir ao
peito. =( E, lógico, cada vez eu ficava mais triste com isso. Meu bebê
rejeitava meu peito. Meu bebê me rejeitava. Meu coração estava aos pedaços. Era
a confusão de bico, enfim, ela tinha chegado.
Mas eu tinha que aceitar, eu já tinha tentado de tudo e não
conseguia ter leite suficiente para poder dispensar a formula. Tinha que
aceitar que a mamadeira era uma aliada e não uma inimiga. Mas e toda a lavagem
cerebral sobre aleitamento materno? Aqui que entra a parte da culpa materna e a
maternidade REAL. Maternidade não é um mar de flores, muitas vezes somos
obrigados a aceitar coisas pelo bem estar do nosso filho. Infelizmente a
hipocrisia reina e nem todos entendem que existem casos em que a formula é a
solução.
Qual o melhor dos dois, mamar no peito ou mamadeira? O melhor, é
um bebê alimentado!
Não pergunte se ele mama. Não critique. Simplesmente, não pergunte.
Bora ser feliz de mamadeira.