quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Um mês... De fome.

A dura realidade da amamentação por aqui



E na maternidade tentaram colocar o bebe para pegar o peito na 1ª hora. Não deu certo, a posição não ajudou muito e ele não pegou. Mas algum tempo depois tentamos novamente e foi sucesso. Alias as 24h (sim, eu só fiquei 24h no hospital) que fiquei no hospital a amamentação foi excelente.

Chegando em casa começou a saga. O bebê não acordava por nada do mundo. Fiquei preocupada com a tal da hipoglicemia. Foi um caos, marido estressado porque o bebe não comia, a minha mãe dizendo que o menino tinha alguma coisa errada. Sai direto de volta a maternidade para ir ao banco de leite. Chegando lá, mal fui atendida. Acabou que eu mesma consegui colocar o bebê para pegar o peito. Briguei muito com meu marido e com a minha mãe. Que eles parassem de me estressar que tudo estava bem, era só questão de ter calma.

No dia seguinte a mesma coisa, nada do menino acordar. Maior dificuldade para ele pegar o peito, ele só queria saber de dormir e de chorar desesperadamente. Pensei em dar formula para complementar, a pediatra neonatal tinha recomendado dar 30ml de complementação se houvesse necessidade. Eu tentei dar na colher dosadora.

No dia seguinte, chamei uma consultora de amamentação em casa. Expliquei para ela que tinha feito redução de mama que estava com receito de atrapalhar a amamentação. Ela ensinou a fazer relactação com uma sonda disse que assim ia estimulando a mama, isso esporadicamente, em caso de precisar dar formula, porque segundo ela, a meta era ficar só no leite materno. Ela também ensinou uma posição com ele sentado, disse que devido as minhas mamas serem grandes, talvez fosse melhor nessa posição para ele pegar mais fácil.  Ela viu que não adiantava mexer nele, nem tirar a roupa, nada... ele não acordava. Então, ela recomendou que desse banho para acordar ele. Assim, Gabriel passou a “tomar banho” com água a cada 3h. A consultora também ensinou a fazer o ninho no berço. E a fazer a tipóia para levantar o peito e ajudar na posição da amamentação.

Eu tinha marcado a primeira consulta com o pediatra para ser com 10 dias, acabei adiantando devido ao desespero e a primeira consulta do Gabriel foi em pleno feriado do 7 de setembro, com sete dias. Ele havia perdido o peso normal que era esperado perder, 10%. O pediatra disse para ir novamente ao banco de leite e continuar tentando amamentar. A outra consulta foi marcada com 15 dias.

Fomos ao banco de leite. A enfermeira de lá disse para não dar formula, que o leite materno era suficiente. Mas eu expliquei que havia feito cirurgia nas mamas, que o bebê SÓ chorava, que havia algo muito estranho. Ela insistiu que não precisava dar formula, que eu tinha leite que era para insistir em só dar o peito. Sai de lá com a esperança que eu ia conseguir amamentar sim.

Foram 15 dias extremamente estressantes. Gabriel chorava 24h por dia e era um choro desesperado. Nada acalmava ele. Eu colocava no peito, ele dormia. Não sei se dormia pelo aconchego ou pelo cansaço de tanto chorar. Voltamos ao pediatra. Gabriel havia perdido ainda mais peso e nessa altura, ele já devia começar a ganhar. Além não ter ganho, ele havia perdido. Seu peso não chegava nem a entrar na curva do gráfico.  Novamente, o pediatra recomendou ir ao banco de leite.

Voltamos extremamente tristes para casa. Meu marido insistiu para começar a dar formula, demos uma vez a mamadeira, Gabriel, pela primeira vez parecia saciado, dormindo tranqüilo, mas eu disse que no banco de leite tinham dito que não era para dar formula que era para dar exclusivamente só o peito.

Tentei chamar novamente a consultora de amamentação em casa, ela não tinha horário disponível, só na outra semana. Desisti e fui novamente ao banco de leite. A enfermeira simplesmente não acreditou quando eu disse que Gabriel não tomava mamadeira, só tinha tomado uma única vez no dia anterior. Ela ficou agindo como se não acreditasse em nada do que eu dizia. Ficou insistindo que não era para dar mamadeira, que era para ficar exclusivamente no peito. A enfermeira do banco de leite ensinou pela milionésima vez como fazer a pega (coisa que eu já estava cansada de saber), também repassou todas as posições possíveis (coisa que eu também já sabia de co). Voltei para casa, tudo continuava igual, Gabriel chorando desesperadamente, mas resolvi tentar tudo de todas as formas possíveis, talvez eu estivesse fazendo algo errado. Passei o dia seguinte tentando de tudo. Nada. Tudo igual. Choro desesperado. Será que meu bebê tinha algum problema sério? =(

No dia seguinte, voltei novamente ao banco de leite, estava disposta a sair dali com alguma solução. . Estava claro que havia algo muito, muito errado. E eu precisava descobrir o que era.

Gabriel parecia um mero boneco, devo ter tirado e colocado ele do peito umas trinta vezes para “treinar” a pega na frente da enfermeira. Afinal, ela dizia que tudo era uma questão de fazer “direito”. Fiquei com pena do Gabriel, mas eu precisava descobrir o que estava fazendo errado. Aparentemente, eu não estava fazendo nada errado, mas porque ele não parava de chorar? Sai do banco de leite, me sentindo a pior mãe do mundo. Lagrimas caiam dos meus olhos. Eu não conseguia encontrar onde estava errando. Meu filho estava perdendo cada vez mais peso, ele estava muito magrinho, daquele jeito que a pessoa fica só pele e osso, tava dando dó de olhar para ele. Ele chorava desesperadamente 24h por dia.

Resolvi tirar leite com uma bomba elétrica e dar para ele. Porque se fosse problema de pega, pelo menos ele não deixaria de comer. Passei trinta minutos com a bomba em cada peito, no total de uma hora. Sabe quantos ml consegui tirar? 10ml... Isso no TOTAL das DUAS MAMAS depois de UMA HORA COM A DESMAMADEIRA ELETRICA. Depois de QUASE UM MÊS com o bebê pendurado no peito ESTIMULANDO A PRODUÇÃO e TOMANDO MEDICAÇÃO para ver se ajudava na produção também. Não acreditei no que estava vendo. 10ml.

Com os olhos cheios de lágrima, peguei a lata de formula e a sonda. E decretei que meu filho não passaria mais fome. Estava confirmado que ele estava passando fome, por isso chorava tão desesperadamente. Por isso ele estava perdendo peso. Estava claro que a cirurgia de redução de mama TINHA SIM prejudicado a produção de leite materno.

E assim começamos a introduzir a formula. Na sonda, ainda na esperança de conseguir dar um up na produção de leite materno. Mas dar na sonda, era muito trabalhoso. Tinha que ficar trocando a sonda, tinha que escaldar tudo. Tentamos também na colher dosadora. Foi pior ainda. Ele não tomava, mais caia fora do que dentro da boca dele. Fomos insistindo. Tentei outras diversas vezes tirar leite do peito, inclusive de madrugada, que dizem que é o horário de pico. Nada. Saia os mesmos 10mL.

Voltamos ao pediatra e contamos o que havia acontecido. Ele prescreveu outra formula. E disse para dar na mamadeira mesmo. Perguntei a ele sobre a tal confusão de bico que poderia acontecer por usar a mamadeira. Ele explicou sobre a culpa materna e a maternidade real. De fato, por mais que eu tivesse introduzido a formula, por mais que eu tivesse passado a gravidez inteira refletindo sobre a possibilidade disto acontecer, eu ainda não tinha aceitado que não iria amamentar. Combinamos então, que eu intercalaria a amamentação com a fórmula.

Com a introdução da formula na mamadeira, Gabriel passou a recuperar o peso. Transformou-se em outro bebê. Um bebê calmo que não chorava mais, inclusive, começou a sorrir. Também ficamos menos estressados, pois a logística da mamadeira era mais fácil do que na colher dosadora. Não derramava tudo.

Porém, com o passar do tempo, estava cada vez mais difícil colocar ele no peito. Ele não queria. Empurrava, esperneava, fazia tudo para não ir ao peito. =( E, lógico, cada vez eu ficava mais triste com isso. Meu bebê rejeitava meu peito. Meu bebê me rejeitava. Meu coração estava aos pedaços. Era a confusão de bico, enfim, ela tinha chegado.

Mas eu tinha que aceitar, eu já tinha tentado de tudo e não conseguia ter leite suficiente para poder dispensar a formula. Tinha que aceitar que a mamadeira era uma aliada e não uma inimiga. Mas e toda a lavagem cerebral sobre aleitamento materno? Aqui que entra a parte da culpa materna e a maternidade REAL. Maternidade não é um mar de flores, muitas vezes somos obrigados a aceitar coisas pelo bem estar do nosso filho. Infelizmente a hipocrisia reina e nem todos entendem que existem casos em que a formula é a solução.

Qual o melhor dos dois, mamar no peito ou mamadeira? O melhor, é um bebê alimentado!

Não pergunte se ele mama. Não critique. Simplesmente, não pergunte.

Bora ser feliz de mamadeira.

3 comentários:

  1. Oi Mom
    Eu tbm nao amamentei meu filho,eu nao tinha leite(e nem fiz cirurgia como vc) ele ficou no peito apenas um mes e meio e isso ja intercalado com a mamadeira.
    Pq qdo eu percebi que nao tinha leite simplesmente ja dei mamadeira pra ele,e aos poucos ele acabou abandonando meu peito,nao teve jeito
    Nao me culpei,nao me estressei ,eu so queria ver meu filho alimentado,entao dei mamadeira mesmo.
    E qdo me questionavam eu falava:eu nao tinha leite....vc queria que eu matasse meu filho de fome?

    Entao siga feliz com seu bebe...dando peito ou mamadeira,o importante é ele estar se alimentando,bom pelo menos é assim que eu penso

    bjo

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  2. Eu levei 40 dias para conseguir fazer meu filho pegar o peito. 40 dias! É desesperador! Nos primeiros dias só conseguia tirar 10ml na bombinha... depois com o tempo e estímulo, passei tinha dias que tirava 120ml... ou seja, leite eu tinha.
    O que eu não tinha era um bebê que queria mamar. Eu chegava ele perto do peito e ele chorava desesperado como vc comentou. Então depois de 40 dias com sonda de relactação, bico de silicone e o escambau... ele pegou.
    Virou outro bebê... mais calmo... tranquilo. Só foi largar o peito esse último novembro... com 1 ano e 10 meses.
    Realmente a maternidade real não tem nada a ver com o que imaginamos. Isso sem contar com minha depressão pós parto que só passou agora...
    Boa sorte na sua jornada e tamo aí!

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  3. Uma das maiores dificuldades que tive foi amamentar. Passei os piores 2 meses da minha vida dando de mamar, com muita dor, peitos sangrando, cheios quase explodindo e as pessoas não conseguiam me ajudar. Tinha muito receio de passar algo, pois sempre ouvia falar que não podia. Foi uma médica, que chamo de anjo, que me ajudou. Só com uma pomada pra diabéticos, que ajuda na cicatrização, que me ajudou e depois de 2 meses consegui amamentar sem dor. Quase desisti e até hoje não sei como aguentei. A gente faz mil planos, mas na hora do vamos ver só nós sabemos o que é bom para nosso filho. Menos julgamento e mais amor!

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